Marieke Vervoort sofre de uma doença degenerativa e não quer terminar como um vegetal. A atleta belga de 37 anos vai participar nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, procurando o ouro, e já tem em mãos a saída escolhida para uma vida de sofrimento: um documento legal a autorizar a eutanásia.

A velocista vai participar nas provas de 100 e 400 metros. Surge como campeã olímpica dos 100 metros, títulos conquistado em Londres, em 2012. Sonhava estar no Brasil e cumpriu esse desejo. Mas sabe que o fim pode estar cada vez mais próximo.

Uma inflamação no pé, aos 14 anos, foi o início de uma experiência assustadora e irreversível: Marieke Vervoort deixou de viver sem limitações. Em poucos anos perdeu a mobilidade na zona inferior do corpo e parte da visão. Precisa de morfina para suportar as dores, até para treinar, e enfrenta várias noites sem dormir, em agonia. O corpo vai cedendo à doença incurável.

Assim, Vervoort tomou medidas. Na Bélgica, a eutanásia é permitida. Provou a um psiquiatra que a decisão foi tomada em plena consciência e a vários médicos que as dores vão sendo humanamente insuportáveis. Todos entendem a decisão.

Ninguém sabe quando vai acontecer, mas a atleta belga tem o destino nas mãos e já escolheu a sua última morada: «Quero que lancem as minhas cinzas em Lanzarote, onde a lava se une com o mar.»

Mas, por agora, há sonhos por cumprir.