O Parma foi oficialmente declarado falido nesta segunda-feira. O prazo para a apresentação de uma proposta de compra do clube italiano terminou e, não havendo um comprador para a sociedade desportiva, um tribunal italiano declarou a falência.

Não tendo havido comprador – que assumiria as dívidas do clube –, o Parma, pelo que, por enquanto, está previsto, é despromovido à Serie D – a quarta divisão, já um quarto escalão amador.

Último classificado na Serie A da época que agora terminou, o Parma foi despromovido à Serie B. Mas, da dívida total de cerca de 75 milhões de euros que o clube tem, cerca de 22 são para com elementos do próprio clube, como jogadores e funcionários. Não sendo saldada esta dívida desportiva, a inscrição na Serie B não é autorizada.

«Sou muito sincero: havia uma réstia de esperança que se conseguisse salvar ou que alguém comprasse o clube», diz ao Maisfutebol Pedro Mendes. «Mas a dívida estava tão alta que não havia investidor que pudesse entrar. Seriam 22 milhões [de euros] para competir no primeiro ano na série B, no ano seguinte seriam 70 milhões...», lamenta o defesa português, agora sem clube.

«Sou um jogador livre, eu e todos os outros», revela Pedro Mendes que, assim, ficou sem clube: «Não tenho nada em vista porque, até se saber algo em concreto, eu seria sempre um ativo do clube porque tinha mais três anos de contrato e outros clubes não poderiam contactar-me.»



Em Parma há dois anos, Pedro Mendes confessa ter recebido a notícia «com uma grande tristeza». «Porque ambicionava chegar onde conseguimos chegar [na primeira época], às competições europeias. Eu perspetivei sempre o melhor e caímos da Liga Europa às divisões amadoras», resume o jogador português.

Agora à espera de propostas que cheguem para um jogador livre, Pedro Mendes não só prefere continuar no estrangeiro como continua a dar prioridade à Itália: «Eu adaptei-me muito bem ao campeonato italiano. Se puder continuar será muito bom.»

O jogador do Parma não se esquece, porém, de lembrar os que menos poderão fazer a respeito desta falência do Parma: «Quem está a sofrer mais são os adeptos e a cidade.» «São duas falências em sete anos. E esta é pior do que a da Parmalat. São muitos milhões», explica.

Na sequência do escândalo financeiro com Parmalat, o Parma teve a sua primeira situação de insolvência em 2004 ficando três anos sob gestão administrativa. Tinha terminado um ciclo marcado pelas conquistas europeias alguns anos antes.





O Parma tem tido jogadores portugueses al longo da sua história. Além de Pedro Mendes e Varela (emprestado pelo FC Porto nesta época), o emblema italiano recebeu jogadores como Sérgio Conceição, Filipe Oliveira ou Danilo Pereira. Fernando Couto foi um dos vencedores da Taça UEFA 1994/95.

Aquele troféu foi reconquistado em 1998/99 por uma equipa onde jogavam craques como Buffon, Dino Baggio, Sensini, Thuram ou Crespo. Uma Taça das Taças (1992/93) e uma Supertaça Europeia completam o currículo europeu. Sem ligas italianas, mas com algumas taças, o Parma nunca teve a dimensão de outros clubes do país. Mas deixou a sua marca nos últimos 25 anos – a marca que ninguém conseguiu comprar nesta segunda-feira.