O empresário de Miguel, Paulo Barbosa, pronunciou-se este sábado sobre decisão revelada na véspera pelo presidente do Benfica em exigir uma indemnização de dois milhões de euros ao jogador. Barbosa confessou-se surpreendido pelo rumo que um processo que tinha por terminado está a tomar e reproduziu o espanto em forma de interrogações com respostas a serem dadas por Vieira.
«Não compreendo. Se ele [Luís Filipe Vieira] diz que foi ele quem comandou todo o processo e se, na prática, as coisas foram feitas à sua vontade, não se compreende por que há tanta vontade em penalizar o Miguel. Não compreendo tanto ódio e tanta vontade em penalizar o Miguel», afirmou Paulo Barbosa ao Maisfutebol quando confrontado com a intenção do Benfica em ser indemnizado.
O empresário frisou que «todo o processo [de transferência] passou só por ele [Luís Filipe Vieira] e pelo Valência» e, pondo em destaque quem diz ter tido a responsabilidade pela condução do processo, questionou-se assim sobre a oportunidade das decisões tomadas: «Se [Luís Filipe Vieira] não tinha vontade de fazer o negócio não o fazia. O acordo com o Valência podia ter sido feito só depois da decisão da CAP [Comissão Arbitral Paritária, que deu razão ao Benfica no processo de rescisão por justa causa, que foi indeferido]. Se ele tinha as rédeas por que não esperou?»
Paulo Barbosa assegurou, assim, que para si e a parte que representa «é, no mínimo, estranho» o que o presidente do Benfica está agora defender. «Por que é que encaixou oito milhões de euros? Não fomos nós que falámos como o assunto estando encerrado. Se calhar tem a ver com o Simão...», disse o empresário que, depois de referir que «quando o presidente do Benfica diz que concordou com tudo, que foi ele que permitiu que fosse o jogador a sair», perguntou «por que é que ele assinou o acordo com o Valência e não esperou pela decisão da CAP e da FIFA?»
«Se a questão ético-moral era tão importante, por que é que [Luís Filipe Vieira] não esperou? A ser verdade o que ele diz...», enfatizou Paulo Barbosa notando que, se a situação está nestes moldes, «até parece que não é ele [o presidente do Benfica] que tem de ser penalizado pelos próprios sócios do clube...» pela forma como o negócio foi feito.
No que respeita ao conselho de Vieira para que o jogador não se refira mais a si, Paulo Barbosa afirmou que «o Miguel disse uma vez só o que tinha para dizer», mas deixou clara a sua posição sobre aquelas palavras: «Que Luís Filipe Vieira não o ameace. Ele não precisa de insinuar. O Miguel falou tudo o que tinha a falar e ponto final. Vivemos num país democrático a não ser que ele espere que os jogadores leiam os seus comunicados. Se ele tem a dizer alguma coisa que o diga. Não perca o tempo com ameaças.»
Em suma, Paulo Barbosa voltou a manifestar a surpresa pelas tomadas de posição de Vieira: «Estranho que um homem que acusa o Miguel de só pensar em dinheiro venha dizer isto. Ele próprio fez um acordo [com o Valência] antes de a CAP e de a FIFA se pronunciarem.»
O empresário do jogador revelou que não tem qualquer conhecimento oficial desta revelação de intenções por parte do Benfica, mas adiantou desde logo que as bases dessa intenção vão contra o que ficou definido: «Não creio que o acordo com o Valência permita isso. [O Benfica] comprometeu-se em não tomar atitudes com o Valência. E quando diz isto, ele [Luís Filipe Vieira], pelos vistos, não é nada materialista... Se era um caso ético e moral, penalizava o Miguel não o deixando jogar...»