Em 1995/96, o F.C. Porto ia lançado para um segundo ano de campeão, numa saga que ia terminar com um pentacampeonato. Em 1995/96, um rapaz chamado Paulo Fonseca assinava pelos dragões. Assim mesmo, porque Fonseca era, até aí, um desconhecido na I Liga. Aliás, o percurso de jogador é muito semelhante ao de treinador. A principal diferença é que o treinador Paulo conquistou rapidamente maior notoriedade que o jogador Fonseca.

Paulo Fonseca em negociações com o FC Porto

Paulo Alexandre Rodrigues Fonseca nasceu em Moçambique, mas cresceu no Barreiro. É fã de Arsène Wenger e de... Jorge Jesus, o treinador que o orientou no Estrela da Amadora e do qual nunca escondeu ter admiração e que agora será o principal rival do novo técnico do FC Porto.

Mas antes da Reboleira há toda uma história por detrás da vida do novo treinador dos dragões. Começou a jogar no Galitos, daquela cidade da Margem Sul do Tejo. Foi no Barreirense que se estreou como sénior, porém. Sempre nas divisões secundárias, seja na Honra ou mais abaixo, na II Divisão B. É daí que em 1995/96 salta para o FC Porto.

Na verdade, Fonseca, como era conhecido, nunca jogou nos dragões. Aliás, nem nunca chegou a treinar. Foi logo emprestado para o Leça, pelo qual se viria a estrear na I Liga - curiosamente, o adversário foi o FC Porto - e, como era habitual nos anos 90, foi usado como moeda de troca no negócio que levou Capucho de Guimarães para as Antas.

Primeiro golo na Liga? Na Luz...

Antes do Berço, o Restelo. Fonseca foi jogador do Belenenses numa equipa que contava com Marco Silva, um futebolista que no ano anterior era júnior e que, ao fim de muitos anos, orienta o Estoril Praia. Nessa equipa, inicialmente orientada por Quinito, jogavam nomes como Paulo Madeira, Valido ou Pedro Barny. E ainda o histórico Filgueira.

A vida não foi fácil, mas a 25 de janeiro de 1997, já com Vítor Manuel no comando dos «azuis», Paulo Fonseca marcou pela primeira vez na Liga. Onde? Estádio da Luz, o antigo. Frente a um Benfica orientado por Mário Wilson, o novo treinador do FC Porto estreou-se a marcar numa bola colocada por Rui Esteves e que o central do Restelo cabeceou para o fundo das redes. Bateu Preudhomme aos seis minutos e o Belenenses viria a ganhar o jogo por 2-1. Foi o penúltimo triunfo belenense no terreno dos encarnados.

Uma época depois, Fonseca chegou à Madeira para encontrar Augusto Inácio, antigo jogador e técnico do FC Porto, assim como do Sporting, e atual diretor dos leões. No Marítimo fez, provavelmente, a melhor época como jogador na I Liga.

Passou para o Vitória e começou um percurso marcado por lesões. Deixou Guimarães e voltou à região de Lisboa, agora para encontrar treinadores como Carlos Brito, Álvaro Magalhães, João Alves ou Jorge Jesus. É este último quem mais o marca, é este último a quem vai ter de fazer frente do banco de suplentes portista.

No escalão principal, participou em 111 jogos e esteve em campo 8639 minutos. Marcou três golos: um ao Benfica, um à Académica e um ao Varzim. Foi expulso uma única vez, num jogo na Reboleira, com o Sporting.

Terminou a carreira aos 32 anos e foi orientar os juniores do Estrela da Amadora. Chegou ao Dragão, por fim.