O jogo entre União de Leiria e Sporting, do próximo domingo, vai proporcionar um duelo táctico entre dois jovens treinadores que têm mais em comum do que uma passagem pelo clube leonino. Paulo Sérgio e Pedro Caixinha têm um passado ligado à tauromaquia.

O técnico leonino nunca foi forcado, formalmente, mas a paixão por este espectáculo e a amizade que o liga ao Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira já o levaram a enfrentar um touro. Paulo Sérgio já chegou mesmo a recorrer ao exemplo dos forcados para motivar os seus jogadores, como revelou ao Maisfutebol em Maio de 2009. «Lembro-me de um exemplo marcante, em que um forcado ficou desmaiado no chão e o touro preparava-se para investir, mas por duas vezes o grupo conseguiu unir-se e impedir isso, demonstrando extrema coragem. Já usei, em algumas ocasiões, essas imagens nas palestras com os meus jogadores», referiu na altura.

Um espírito de sacrifico que Pedro Caixinha já personalizou. O treinador da U. Leiria foi forcado em Montemor-o-Novo durante quase uma década. Durante uma Corrida de Homenagem a António Badajoz, realizada no Campo Pequeno, arriscou a sua integridade física em defesa do seu pai. «Era uma pega com antigos e actuais forcados de Montemor. Fui chamado para ser a primeira ajuda do meu pai e aquilo correu mal, pelo que tive de o proteger com o meu corpo», conta o técnico leiriense ao Maisfutebol.

A ligação de Pedro Caixinha ao futebol e à tauromaquia é "responsabilidade" do pai. João foi também forcado e jogador de futebol (representou o Desp. Beja durante 16 anos). «Acompanhava-o tanto para os jogos como para as touradas. É uma referência», assume o filho. Não é para menos. João Caixinha é também um exemplo de vontade, já que em 2009, aos 62 anos de idade, protagonizou uma pega.

Pedro seguiu os passos do pai. Foi forcado em Montemor quase uma década, até que a família e a actividade profissional ditaram a despedida. «Foi um dos mais importantes jovens forcados de Portugal, filho de outro grande forcado», diz-nos Maurício do Vale, crítico tauromáquico e relações-públicas do Sporting, onde lidou com ambos os treinadores, já que Caixinha foi adjunto de José Peseiro no emblema leonino.

José Maria Cortes, actual cabo dos forcados de Montemor, recorda a força física do técnico: «Gostava imenso dele. Quando era pequeno costumava pendurar-me no bíceps dele. Era muito poderoso fisicamente», recorda, ao nosso jornal.

Um Paços de Ferreira-F.C. Porto a unir os dois técnicos

Foi, de resto, a paixão pela tauromaquia que juntou Paulo Sérgio e Pedro Caixinha, em tempos. Um episódio que o técnico leiriense contou ao Maisfutebol. «Tínhamos um amigo em comum. O Vasco Dotti, que foi forcado em Vila Franca de Xira. Ele foi a um congresso em Vila Real, onde eu estudava, e ficou na minha casa. O Paulo Sérgio, que jogava então no Paços de Ferreira (1993/94), convidou-o depois para ir ver um jogo com o F.C. Porto, e ele levou-me. Foi o único contacto que tivemos.»

Sérgio Cruz, adjunto de Paulo Sérgio, também jogava no clube da Mata Real. Um encontro para recordar no próximo domingo, num duelo que até pode ter influência tauromáquica. «Antes de saltarmos para a arena temos de fazer uma análise. Saber como vamos preparar a pega, que terrenos vamos pisar. No futebol também é preciso fazer uma análise e depois tomar decisões», explica Caixinha, antes de deixar a táctica para pegar um touro verde e branco: «Há que dar vantagem, aguentar o primeiro embate e saber que depois temos as ajudas.»

Confessando ter saudades de pisar a arena, Pedro Caixinha diz mesmo que essa foi a sua vontade após a goleada sofrida no Dragão, na última jornada.