Marcar e não sofrer era com certeza o desejo de Rui Vitória e do Benfica, e foi isso que aconteceu. Uma bola parada decidiu o jogo. Canto de Pizzi, desvio de Luisão e Mitroglou a dois tempos a empurrar a bola para dentro da baliza.

Foi a vitória da eficácia num jogo em que o Dortmund foi melhor e, face ao que produziu, merecia outro resultado. Mas o que contou foi o golo de Mitroglou e a vantagem que o Benfica vai levar para a Alemanha.

Gostei do Benfica nos primeiros 20 minutos, com as linhas juntas e subidas. Apesar de ter criado apenas um lance de perigo, por Salvio, que decidiu mal, soube manter o jogo equilibrado.

Daí até ao intervalo, perdeu o controle do jogo, com Pizzi e Fejsa a não conseguirem ter bola e a pressão do meio campo alemão a fazer-se sentir. O jovem médio Weigl passou a ter bola, o que até aos 20 minutos não tinha acontecido. E a partir desse momento a bola começou a girar ora com paciência ora com velocidade e as situações de finalização começaram a surgir.

O Benfica perdia o seu meio campo e aguentou até ao intervalo, altura em que Rui Vitória mexeu.

Era visível o desequilíbrio de forças no meio campo e Rui Vitoria trocou Carrillo por Felipe Augusto. Com isto igualou em termos numéricos na zona central, deslocou Rafa para a esquerda e colocou a equipa mais consistente para ter bola e poder controlar o meio campo. A ideia era esta e a verdade é que a entrada na segunda parte foi boa.

Equipa subida, no meio campo alemão e a pressionar. O golo surgiu passado três minutos, a mudança tinha resultado. Se bem que o golo tenha sido de bola parada, mas mérito da boa entrada em jogo.

O Dortmund não sentiu o golo e partiu para cima do Benfica, obrigando-o a recuar. A bola passou a ser dos alemães e o Benfica, em vantagem, foi recuando. Ao longo da segunda parte foi solidário, sofreu em vários momentos e não conseguiu controlar o jogo.

Esse estava em posse do Dortmund, que pressionava, imprimia velocidade ao seu jogo, com trocas de posições, variações do centro do jogo e uma excelente reacção à perda da bola. As oportunidades foram surgindo mas o Benfica aguentava e conseguiu não sofrer.

Fui ao site da UEFA e tirei os seguintes números no final do jogo, que revelam uma superioridade em quase todos os aspectos do Dortmund. Mas a eficácia, essa, ficou a cargo Benfica.

Dois exemplos apenas:

A posse de bola foi de 65% para os alemães e 35% para o Benfica.

A equipa do Dortmund fez 684 passes (582 certos), que dá um acerto de 85%, contra os 69% de acerto nuns 307 passes (212 certos) do Benfica.

O que fica é o resultado e o 1-0 da Luz leva para Dortmund uma vantagem importante. Mas a tarefa está longe de estar concluída e tenho a certeza de que tanto Rui Vitória como os jogadores sabem disso. Faltam 90 minutos no Signal Iduna Park de grande intensidade e muita luta.

Mas vamos aos destaques positivos.

Ederson foi enorme.

Saídas rápidas a obrigar Aubameyang a rematar por cima, a ficar parado e a defender o penálti do gabonês e a manter o Benfica no jogo e na eliminatória com três defesas (uma delas então...)

Luisão fez o jogo 500 pelo Benfica.

Extraordinário número nos dias que correm para este central brasileiro que chegou em 2003 à Luz e que hoje se mostrou seguro com um bom jogo e com participação no golo, que tem também a sua marca.

Salvio fez um bom jogo.

Foi rápido com bola, saiu bem de situações complicadas e desequilibrou em diversos momentos.

Um jogo conseguido e sempre a trabalhar para a equipa.

Nelson Semedo está cada vez mais seguro e consistente.

Com Reus pela frente esteve bem e soube combinar bem com Salvio, uma dupla que se entendeu bem ao longo do jogo.

Pela negativa

A ala esquerda do Benfica não funcionou com Eliseu e Carrillo e mais tarde com Rafa e Cervi, quer do ponto de vista ofensivo, inexistente, quer defensivamente, com alguns maus posicionamentos

Fejsa e Pizzi poucas vezes tiveram bola e não encontraram forma de a ter. Erraram mais passes que o habitual.

Aubameyang fez uso da sua velocidade e da forma como se posiciona no limite do fora do jogo mas não conseguiu marcar nas duas vezes em que esteve frente a frente com Ederson. À terceira vez o brasileiro voltou a ganhar, não se mexendo no penálti. Não era dia do avançado gabonês e o técnico alemão aos fê-lo descansar aos 62 minutos.