Em final de temporada as nossas seleções estão em destaque, com destinos diferentes. A selecção principal fez o que lhe competia na Arménia e França ficou mais perto. Se o sonho dos sub 20, acabou na Nova Zelândia, um outro começa agora na República Checa, para onde a seleção de sub 21 partiu, com esperança e confiança.

Comecemos pela seleção principal, que jogou sábado na Arménia e foi conquistar uma vitória que fugiu nos dois jogos anteriores, realizados em 1996 e 2007. Com uma exibição abaixo das nossas capacidades, conseguimos o objectivo principal: ganhar, com Ronaldo em grande e a terminar uma época de grande nível.

O avançado português foi a figura da partida e os três golos marcados colocaram a seleção na rota de França. Muito se falou sobre um jogo, que vinha numa altura complicada, no final de uma época desgastante. A isto juntava-se a viagem, a distância, a diferença horária e todos os problemas que isto traria.

O jogo revelou-se difícil, como se esperava e, apesar de todos os avisos, os portugueses terminaram a sofrer. Como variáveis do próprio jogo podemos falar de alguns erros individuais e colectivos, da expulsão de Tiago, que trouxeram mais dificuldades, e do segundo golo arménio, que trouxe incerteza no desfecho até final. Mas o resultado é que fica para a história e a liderança do grupo é nossa.

O destaque maior não podia deixar de ser Cristiano Ronaldo. Fez o seu terceiro hat trick ao serviço da seleção e, nesta qualificação, cinco dos sete golos de Portugal são seus, o que mostra bem a sua importância e quão decisivo é.

Por último, Fernando Santos terminou o castigo. Acabou-se o sofrimento de estar na bancada e não poder intervir. Referi várias vezes que o líder estar de fora nunca é bom, mas o importante foi conseguido. Fica o registo de quatro vitórias em quatro jogos de qualificação, duas delas a assistir da bancada. O regresso ao seu lugar está marcado para Setembro, na Albânia.

Na madrugada seguinte a este jogo, na Nova Zelândia, jogou-se a passagem às meias-finais do Campeonato do Mundo de sub 20 num Brasil-Portugal. Com uma boa campanha realizada até então, os portugueses traziam esperança e expectativa de seguir em frente. O jogo não fugiu ao que se esperava: fomos melhores, mas as oportunidades desperdiçadas levaram a decisão para prolongamento e, depois, para os penaltis.

Nesse momento não tivemos a frieza e a capacidade para superar os brasileiros. Ficámos pelo caminho, mas com a certeza de que existe qualidade nestes jovens jogadores portugueses. De Rafa a André Silva, passando por Gelson, Rony, Tomás e outros, vários demonstraram a sua capacidade e provaram que temos gente para apostar. Espero que os jovens jogadores portugueses tenham oportunidade nos seus clubes, ou outros, e que possam continuar a evoluir num patamar competitivo superior ao de hoje em dia.

Por último, os sub 21, que viajaram no domingo para a República Checa e têm na quinta-feira o primeiro jogo neste Europeu. Para trás, deixam uma campanha irrepreensível na qualificação e no play off, só com vitórias, interpretando o que foi pedido e sendo uma verdadeira equipa. É isso que se pede neste Europeu, porque as dificuldades vão ser maiores.

Estão entre as melhores seleções europeias e o grau vai ser elevado. A qualidade individual dos nossos jogadores é evidente mas, mais uma vez, só ao servico do colectivo essa qualidade faz sentido. O mesmo espírito e a mesma capacidade demonstradas na fase de qualificação apontam o caminho. As declarações dos jogadores e do Rui Jorge revelam optimismo e confiança no seu valorm, e naquilo que podem fazer, mas também a consciência da valia dos adversários que vão encontrar.

Como referiu Pauleta, à partida para o Europeu: «Temos esperança e confiança. Sermos campeões europeus é um sonho. O objectivo é conseguir um lugar nos Jogos Olímpicos, mas ninguém pode proibir esta seleção de sonhar». A selecção portuguesa está num grupo forte e tem o seu primeiro teste com a Inglaterra, na próxima quinta feira. Todos sabemos da importancia de começar bem. Força, Portugal!