Caio Júnior era treinador da Chapecoense e desapareceu nesta madrugada, junto com quase toda a equipa, no acidente de avião que vitimou mais de setenta pessoas na Colômbia. O antigo avançado brasileiro tinha ligações fortes a Portugal, onde representou o V. Guimarães, Estrela da Amadora e Belenenses. Ainda hoje Jorge Jesus recordou também aquele que era um amigo. Em março, Caio falou ao Maisfutebol sobre o seu tempo em Portugal e deixou uma mensagem especial para Pedro Barbosa. Agora, Pedro Barbosa recorda no Maisfutebol esses tempos ao lado de Caio Junior, alguém com quem «dava gosto» estar e jogar.

Foi uma tragédia terrível, é difícil falar nesta altura. Antes de mais quero lamentar esta enorme perda.

Lembro-me bem do Caio Júnior. Era um belíssimo jogador. Elegante, fino, bom tecnicamente, fino no trato com a bola e na forma como se movimentava.

Eu cheguei ao Vitória em 1991 e ele já era um dos consagrados. Sempre me tratou bem, ele como muitos outros. Acolheu-me bem.

Era muito fácil jogar com ele. Inteligente, elegante, dava gosto. É fácil jogar com quem é inteligente e pensa bem o jogo. Era o caso dele.

Ele usava um termo brasileiro que eu não conhecia para me chamar a mim e aos miúdos do plantel. Guri. Lembro-me de o ouvir usar esse termo muitas vezes: «Ó guri!»

Era o tipo de jogador que fazia bom ambiente. Ajudou-me, só posso dizer bem dele. Como jogador e como pessoa.

Só joguei uma época com ele. O João Alves, que era o treinador do V. Guimarães, levou-o com ele para o Estrela na temporada seguinte. Era um jogador de muita qualidade que um treinador gosta sempre de ter.

Voltei a estar com ele há uns anos na Academia do Sporting, ele veio cá e estivemos a conversar.

Uma vez naquela época no Vitória fui almoçar a casa dele, recebeu-me em casa dele. Ele era cinco anos mais velho que eu, já era casado. Convidou-me para casa dele, é um gesto que mostra como me recebeu e a abertura que tinha para um miúdo que acabava de chegar ao clube, e que o via com respeito. Para mim foi importante, receber esse gesto por parte de um dos consagrados.

Não quer dizer que tivéssemos grande relação fora do futebol, porque eu não morava em Guimarães, ia para o Porto, mas teve essa atitude para comigo. Era muito boa onda e para mim foi importante esse convite para ir a casa dele por parte de um dos consagrados.

Ele dava-me os conselhos normais que se dão a um jovem. Nada de mais. Também é provável que me tenha chamado a atenção algumas vezes, não me lembro. Mas se o fez provavelmente tinha razão, porque os jovens também precisam de ouvir críticas.