Começo pelos momentos mais marcantes no Dragão. A expulsão de Alex Telles aos 26 minutos mudou o jogo. O minuto 72 resolve a partida e o minuto 74 deixa esta eliminatória praticamente decidida.

Mas vamos ao início e às escolhas de Nuno Espírito Santo.

Rúben Neves de início. O jovem internacional português era o escolhido para estar lado a lado com Danilo. O objetivo era consistência e segurança e foi conseguido durante o tempo que estiveram juntos. É certo que Dybala foi um problema. E como joga o argentino... Sempre a fugir à marcação, a jogar entre linhas e a procurar as costas dos médios portistas, era um problema acrescido.

Na frente a dupla André Silva e Soares mantinha-se e, como se viu nos primeiros minutos, a tarefa era pressionar alto e procurar o erro na saída da Juventus. Não foi fácil porque os italianos são uma equipa madura, experiente que sabe bem os terrenos que pisa.

A forma como a Juventus procura sair na construção, com trocas de bola constante, a paciência que tem com bola e da mesma forma sem bola, como baixa para depois voltar a ter bola e ir subindo no terreno sempre com segurança, qualidade no passe e a procura de um último passe, uma posição favorável de remate ou um cruzamento bem medido. Esta foi a Juventus desde o início.

O FC Porto que entrou mostrou-se confiante e com optimismo. Mas o jogo começou a mudar aos 25 minutos e definitivamente no minuto seguinte. Alex Telles vê duplo amarelo e consequente vermelho.

Quem sai ?

Layún aqueceu e entrou, mais uma vez saiu André Silva. Era expectável que fosse um avançado e pelo que temos assistido percebeu-se que seria o jovem internacional português.

Se a tarefa era difícil, mais se tornou. O Porto reorganizou-se com Layun e naturalmente baixou no terreno. A bola estava com os italianos, no controlo do jogo tinha Pjanic, que assumia a bola e era o primeiro no inicio da construção. As saídas do Porto começaram a escassear. Era normal e assim foi, diria, durante quase toda a partida.

Buffon não fez uma defesa, é certo, mas Brahimi podia ter feito melhor no livre directo aos seis minutos e aquele cabeceamento ao lado de Herrera ao minuto 48, num bom cruzamento de Layún, podia ter tido outro destino. Fica o registo ofensivo quase inexistente do Porto, mas que teve o mérito de ser sempre uma equipa bem organizada, com as linhas juntas e a defender bem.

A qualidade individual e colectiva da Juventus fez a diferença. Os lances próximo da area foram-se sucedendo e o golo era expectável. Surgiu num mau alívio de Layún na área a deixar a bola bem à frente de Pjaca, que rematou forte e colocado. Casillas não teve hipótese e o mesmo se passou também na boa execução e finalização do recém entrado Dani Alves no lance do segundo golo.

A Juventus, já se sabia, era um forte opositor e confirmou-o na íntegra, sabendo que a expulsão marca e muda o jogo e muito provavelmente a eliminatória.

A tarefa em Turim a 14 de Março afigura-se extremamente complicada. Até lá a preocupação de Nuno e dos seus jogadores será a Liga portuguesa e em Março depois do Arouca o foco passa a ser novamente Juventus.

A equipa do Porto apresentou-se segura e equilibrada e esta noite não foi de grandes destaques. Foi uma noite de entreajuda, de estar organizado, de cumprir bem as tarefas e de não errar (Alex Telles não foi capaz).

E por isso 4 notas apenas.

Pela positiva

Casillas voltou a estar bem. Esteve sempre seguro, a ler bem o jogo e a intervir no tempo certo. Fica na retina uma grande defesa ao minuto 39. O remate de Higuain e o desvio em Felipe fez o espanhol brilhar.

Rúben Neves repetiu a titularidade, com alguma surpresa. Presente no onze na passada sexta-feira contra o Tondela, voltou cinco dias depois a merecer novamente a confiança. Antes disso só tinha feito 90 minutos a 7 de Janeiro. Mas o que fez neste jogo merece nota positiva.

O jovem médio cumpriu a missão de dar solidez à zona central e sabe o que fazer com bola e sem bola. Jogo de sacrificio, de luta e a pressionar na frente, a recuar quando necessário e sempre com um espírito colectivo.

Pela negativa

Soares na verdade pouco fez, mas acabou por ser o espelho da incapacidade portista. A posição inicial rapidamente foi alterada e a tarefa mudou com a expulsão de Alex. Na estreia na Liga dos Campeões, o brasileiro chegado há pouco não deixou de pressionar os defesas, de lutar, de correr. Por vezes sem resultado mas sempre com grande espírito, e já ganhou o Dragão.

Alex Telles teve influência no resultado que aconteceu e não foi como se esperava nem da forma como tem feito várias vezes, através de bons cruzamentos e assistências. Os erros seguidos ditaram a expulsão.