Cá estamos nós no final do ano e, à semelhança do que se tem passado nos últimos anos, voltou o desafio da equipa do Maisfutebol para escolher o onze nacional de 2016 - isto é, formado por jogadores que tenham atuado em clubes portugueses.

Como tem sido hábito, o critério da escolha remete para o período de janeiro a dezembro. Mais uma vez, a ideia passa por avaliar o rendimento ao longo de um ano, mas a verdade é que, em três situações, a importância e preponderância nas suas equipas levaram-me a incluir jogadores que atuaram apenas em metade de cada ano.

 Relativamente ao onze escolhido, e em comparação com o ano passado, apenas quatro jogadores se mantêm.

 As minhas escolhas levam-me para um 3x4x3, num onze em que a preocupação, mais do que o sistema tático, passa pela avaliação e o premiar do rendimento de cada um e a importância assumida em cada uma das suas equipas.

Na baliza continua Rui Patrício. É o melhor guarda-redes português e voltou a demonstrá-lo. Aos 28 anos apresenta uma segurança e confiança cada vez maiores, fruto da maturidade adquirida. É sem duvida uma mais valia na equipa do Sporting e voltou a ter um bom rendimento ao longo do ano. Pelo meio foi apenas o melhor guarda redes do Europeu, onde esteve enorme.

 Na defesa optei pela dupla do Sporting, Sebastian Coates e Ruben Semedo e pelo jovem sueco Victor Lindelof.

Começo por aquele que jogou primeiro este ano. Ruben Semedo foi emprestado na temporada passada ao Setúbal mas em janeiro deste ano voltou à casa mãe. Aos 22 anos chegou e jogou: foi a 30 de janeiro e nunca mais saiu. Tem na velocidade a sua maior arma e foi ao longo do ano melhorando e afirmando-se no onze. É forte no jogo aéreo e impõe-se no sector defensivo, mas nas subidas à área contrária ainda não marcou e esse é um aspecto a melhorar.

O seu companheiro de sector é outro dos meus escolhidos. Sebastian Coates, o uruguaio que chegou ao Sporting emprestado pelo Sunderland também pegou de estaca. Aos 25 anos procurou um novo rumo na carreira e chegado no fecho do mercado, fez o primeiro jogo a 8 de fevereiro. Do alto dos seus 1,94m é muito forte no jogo aéreo defensivo e no ataque já fez três golos. Trouxe qualidade e a dupla com Ruben mantém-se até hoje, mostrando segurança e estabilidade.

Por último Lindelof, que chega ao onze do Benfica a 31 de janeiro. Aos 21 anos, as dificuldades que o Benfica tinha na zona central fizeram-no sair da equipa B e aterrar na equipa principal. O jovem sueco entrou e não se atemorizou. Demonstrou personalidade e apresentou segurança e confiança e o seu rendimento foi bom. Trouxe estabilidade à zona central e as suas exibições levaram-no também direto ao onze da Suécia no Europeu. Esta época manteve o seu lugar e apesar da qualidade que tem ainda não atingiu o fulgor da época passada. Agora, a saída parece estar para breve.

No meio campo apenas Danilo repete a escolha e por isso é o primeiro. O internacional português voltou a ser uma presença marcante no meio campo do FC Porto. A equipa, nestes semestres distintos, nem sempre apresentou um bom rendimento, mas Danilo foi sempre o equilíbrio e quem em muitos momentos ligou a equipa. Teve ao longo deste ano um bom rendimento.

Fejsa não teve o início do ano que esperava, apesar de ter feito quatro jogos com 90m cada, entre 2 e 16 de janeiro. Volta a lesionar-se e só reaparece quase dois meses depois mas com vontade de ser importante. E conseguiu. A forma como equilibra a equipa, fazendo cobertura e pressionando quando necessário, faz com que a sua acção numa zona importante do campo seja determinante para a estabilidade e rendimento da equipa. Esta época apenas falhou um jogo e mantém um nível elevado, voltando a ser o garante do meio campo do Benfica.

Adrien foi um elemento importante na equipa do Sporting. O capitão leonino apresentou um rendimento elevado, colocando intensidade e boa dinâmica em todas as suas acções. Sabe o lugar que ocupa e a forma como se movimenta e faz mexer o jogo da equipa fez dele um jogador determinante no onze de Jesus. É um jogador com uma enorme capacidade de trabalho e  além do bom trabalho defensivo que faz também está normalmente perto da área em zonas de finalização. Fica o registo de quatro golos na primeira metade do ano e apenas um esta época.

Pizzi foi outro elementos importantes na conquista do título do Benfica. Neste primeiro semestre ocupou uma posição sobre uma das alas e apresentou bom rendimento. Inteligente e com capacidade para gerir os ritmos do jogos e ter bola, sabe os caminhos que pisa no campo e a sua influencia é notória. Rui Vitória não abdica dele e esta época tem jogado mais numa zona central, fazendo dupla com Fejsa, onde ainda mais se fazem sentir as características que referi acima. Nestes meses desta época, na ausência de Jonas, é o melhor marcador do Benfica com seis golos, fruto da facilidade com que aparece em zonas de finalização. Se juntarmos os seis golos do primeiro semestre e as várias assistências que fez ao longo do ano, diz bem do seu rendimento.

Na frente, volto a repetir a dupla Jonas e Slimani e acrescento André Silva. Não vi um jogador que se tenha destacado ao longo de todo o ano com mais eficácia e rendimento e por isso, devido a estes factores e à influência que tiveram em apenas metade da época  nas suas equipas, os três avançados cabem aqui.

Jonas foi um dos principais responsáveis pelo título do Benfica.  De janeiro a maio o avançado brasileiro marcou 19 golos em 20 jogos para a Liga (tinha feito 13 de agosto a dezembro de 2015) e ainda mais dois para a Taça da Liga, um deles na final. Esta época, apenas em agosto marcou presença em dois jogos, sendo um deles a final da Supertaça, e mais uma vez a marcar. De lá para cá uma ausência prolongada por lesão, a regressar aos poucos agora no final do ano. Mesmo assim foi o jogador que mais marcou em Portugal e a sua importância na equipa para a conquista do título nacional, bem como os outros dois títulos, foi determinante.

Slimani apenas esteve presente em Portugal na primeira metade do ano mas o que fez e o destaque que assumiu no Sporting foi grande, por isso está aqui. A sua forma de jogar foi de enorme importância para a equipa, que tinha nele a referência atacante e o primeiro defesa. A pressão começava nele e a sua capacidade de trabalho e de desgaste da defesa contrária foi impressionante. Em movimentos de apoio ou profundidade. ou para ser mais um na luta pela bola, Slimani comportou-se à altura e respondeu sempre para a equipa. Além disso, os avançados vivem de golos e aí o argelino tem 19 golos em 20 jogos para apresentar. Viveu sem duvida a sua melhor época no Sporting num processo sempre em crescendo desde a sua chegada. A saída para o campeão inglês foi o corolário de uma temporada com grande rendimento.

André Silva é outro dos eleitos. A 14 de Maio deste ano, na última jornada da Liga, marcou o seu primeiro golo na equipa principal do FC Porto. Uma semana depois na final da Taça de Portugal bisava, mas não foi suficiente para vencer. Estava lançado o jovem avançado, na altura com 20 anos. A aposta manteve-se e hoje já com 21 anos feitos lidera nesta altura a lista dos melhores marcadores, a par de Marega, com 10 golos mais 5 noutras competições. Grande segunda metade do ano, ainda em crescimento e muito para progredir. O que tem feito já o levou à selecção principal e já marcou por quatro vezes. A posição de ponta de lança tem sido difícil de preencher ultimamente no futebol português e a chegada de André Silva a este novo patamar, titular no Porto e já na selecção, dá-nos garantias de termos solução futura. Mas ainda há muito para crescer e atingir outros patamares e essa consciência parece-me ter o jovem ponta de lança. Tudo tem sido conquistado com trabalho, com perseverança mas sem dúvida com a qualidade que tem para a posição e com a certeza que ainda está num processo evolutivo.

O meu onze nacional do ano: