Meias finais do Europeu. Portugal-País de Gales: estamos no lado bom do caminho para Paris e contamos estar na final. Não tendo a iniciativa do jogo, ficando mais à espera ou assumindo que somos melhores, pegar no jogo, controlá-lo, dominá-lo: o que interessa é vencer. Deixo as ideias para Fernando Santos porque ele é quem toma as decisões.

Gostava de ver um futebol de mais qualidade, atractivo e na linha da capacidade dos nossos jogadores. Mas não tenho visto isso, principalmente nos jogos a eliminar. A verdade é que continuamos em frente e Paris está à distância de um click, quer dizer, de vencer o País de Gales.

Dito assim parece uma coisa fácil e não é. Somos favoritos para este jogo? No meu entender somos. Somos melhores, temos mais qualidade, mas do outro lado está uma equipa que faz da sua união e capacidade de trabalho a sua maior arma.

Algumas notas sobre o Pais de Gales. Dos 23 jogadores presentes, 21 jogam em Inglaterra (a maioria na Premier League) um na Escócia e outro em Espanha. Esta geração galesa está melhor, evoluiu e vem sendo trabalhada nos diversos clubes ingleses. A sua selecção beneficia com isso como se viu na qualificação e na presença neste Europeu. Falar desta selecção é falar de Gareth Bale que, sendo a estrela maior, também trabalha e joga em função da equipa.

Mas o Pais de Gales não é só Bale como temos visto (para mim continua a ser a selecção do Ryan Giggs !!!). É o seu capitão, Ashley Williams, que jogou com algumas limitações mas é o líder da defesa e da equipa. A sua presença faz-se notar e ainda por cima sobe nas bolas paradas e marca: cuidado com o jogo aéreo galês!

O seu meio campo é de qualidade, mas como vai fazer falta Ramsey! Não tenho dúvidas sobre isso face à importância que tem na dinâmica da equipa, na capacidade para ter bola e na forma como aparece em zonas de finalização. É, quanto a mim, um dos elementos mais preponderantes da equipa e convém não esquecer que Portugal não vai ter pela frente o jogador com mais assistências da prova (4) e que, com mais um golo marcado, esteve directamente ligado a metade dos conseguidos pela equipa.

Esta é a segunda selecção com melhor ataque, com dez golos e apenas quatro sofridos. Na frente Bale tem decidido e já soma três golos. Robson Kanu é outro nome em foco: marcou dois golos, um deles de grande execução, contra a Bélgica. Está desempregado mas as coisas estão a sair-lhe bem e a opção de risco que tomou, esperando pelo fim do Europeu parece estar a resultar. Pelos vistos, são várias as propostas.

Estes são os principais elementos de uma selecção que tem na força do colectivo o seu principal argumento. Mas, quanto a mim, apesar do entusiasmo e da capacidade que tem demonstrado, a seleção galesa parece-me frágil em termos defensivos e por isso a opção de iniciar com três defesas centrais e dois laterais. Para explorar os espaços entre lateral e central e obrigar a defesa a desposicionar-se é preciso rápida circulação de bola, intensidade e dinâmica. Um jogo lento e previsível favorece os galeses.

Fernando Santos, não tenho duvidas, já estudou o Pais de Gales e sabe os pontos fortes e fracos e terá o plano estratégico pronto para executar. Olhando para os últimos dois jogos, tudo correu como definido. Agora veremos qual a solução a usar e a sua aplicação.

A outra meia final põe frente a frente o pais anfitrião e a Alemanha actual campeão Mundial. Olhando para a França, não tenho gostado do seu jogo, pouco dinâmico e com poucas ideias, o que é estranho face à qualidade dos seus jogadores do meio campo para a frente. Mas tem sido uma selecção eficaz e com um país no apoio constante. Quanto a mim tem um dos seus pontos fracos na defesa, insegura e pouco fiável. Os seus pontos fortes estão no meio campo e ataque, apesar de não ter um meio campo a carburar - e aí Pogba tem sido meia decepção. Esperava-se muito mais do jovem francês…

Foi Payet, um dos menos conhecidos, quem se afirmou. É uma das estrelas deste Europeu e a França tem beneficiado da sua criatividade. Já são três os golos que marcou, juntando-lhes exibições com qualidade. Giroud salta, luta e já fez três golos e Griezmann, uma das estrelas, apesar de não ter ainda feito grandes exibições é o melhor marcador do Europeu com quatro golos. É este o registo que a França leva para o seu maior desafio até ao momento.

A Alemanha é quanto a mim o candidato principal à conquista do título. É a equipa mais forte, mais segura e tem demonstrado isso mesmo. Para já ficou sem Mario Gomez e Khedira até ao fim. É um problema, naturalmente, mas entre os 23 arranjará soluções. Atrás, Neuer dá segurança e a defesa é consistente. O jogo alemão tem muito a ver com o que os jogadores do meio campo fazem em cada momento. Gostam de ter a bola, são pacientes e ao mesmo tempo têm dinâmica e a mobilidade necessária para desorganizar a equipa contrária.

Estou curioso para perceber qual será atitude da França, perante aquela que, segundo Deschamps, é a melhor equipa do mundo. A França tem o melhor ataque (11) e a Alemanha a melhor defesa (1). Entre os semifinalistas, Portugal foi o que marcou menos (6) e sofreu mais (5).

Mais uns dias e teremos finalistas. A minha escolha para Paris está em Portugal e na Alemanha. Força Portugal!