Fim de temporada com duas finais empolgantes. Quatro boas equipas, todas elas a revelarem a qualidade e o mérito dos seus treinadores.

Na Taça da Liga, em Coimbra, o favorito foi o vencedor, mas passou por dificuldades, provavelmente não esperadas. Responsabilidade do Marítimo, que trouxe a lição bem estudada e conseguiu dar boa réplica. Mesmo com dez jogadores manteve até final o suspense sobre o resultado.

A caminhada do Marítimo até à final não foi por acaso: ficou demonstrada neste jogo a qualidade que revelou na prova. Já o Benfica conquistou o seu terceiro título em quatro possíveis, o que diz bem da grande temporada realizada.

A outra decisão estava reservada para o Jamor e não há final como esta. A festa da Taça é sempre espectacular, independentemente dos finalistas, seja para quem joga, seja para quem assiste ao jogo no estádio Nacional.

Esta final entra para a história. Pela reviravolta no resultado e pela decisão nos pénaltis. O jogo, em si, não teve a qualidade que se esperava. Não foi bem jogado mas teve de tudo: bons lances, erros, golos, expulsões, emoção e coração, muito coração. Os adeptos marcaram presença como é costume. E, sendo maioria os do Sporting, uma palavra para os cerca de 15 mil bracarenses que vieram apoiar a sua equipa.

Aquilo a que assistimos no campo revelou duas equipas desgastadas com uma época longa, um dado mais acentuado no prolongamento, o que é normal. Os jogadores correram, lutaram e deram o máximo. Cometeram erros, mas também houve coisas boas de parte a parte.

Nem sempre tudo correu bem e nem sempre se consegue fazer aquilo que é pedido. Por cansaço físico, ou mental, ou por incapacidade momentânea. Os jogadores querem, mas não conseguem. Os treinadores desejam a reação da equipa, mas esta não vem.

Assistimos a isso por vezes durante o jogo. Os pedidos de Marco Silva e de Sérgio Conceição eram diferentes e as respostas foram sendo dadas dentro do possível.

Há uma altura em que, com ponta de sorte à mistura, como referiu Marco Silva, tudo se inverte. É aí, quando surge o primeiro golo do Sporting, que a esperança dos seus adeptos renasce: a sensação que se tem é de que o Sporting está mais próximo do empate do que o Braga de marcar o terceiro.

Com erros e qualidade à mistura o empate foi conseguido. Foi justo pela capacidade que a equipa do Sporting teve de nunca desistir, de acreditar, de lutar com menos um jogador durante 75 minutos, até àquele momento.

A equipa foi premiada e, no fim, acabou por levantar a taça, fruto da eficácia na marcação dos pênaltis e da presença do capitão Rui Patrício na baliza que conseguiu parar um dos remates e desviar outros dois. A equipa conseguiu superar-se e o Rui foi enorme, segurando o empate no fim do prolongamento e revelando-se decisivo nos pénaltis.

Do outro lado vimos uma equipa com qualidade, que marcou presença no Jamor com muito mérito. O Braga sofreu quando não esperava e, apesar de ter mais um jogador, já não conseguiu colocar-se novamente na frente.

A sensação de frustração e a incapacidade de levar a Taça para Braga,, depois de estar a vencer por dois golos, dói muito. Como disse o seu presidente, Antonio Salvador, «foi uma pancada muito grande». Isso era visível nos rostos de todos.

Sérgio Conceição, que fez um grande trabalho à frente da equipa, com a conquista do quarto lugar , tinha a Taça como objectivo final mas não foi possível. Era a face da desilusão, da tristeza. Perder esta final, da forma como isso aconteceu, marca e custa a digerir, mas ficam o mérito e a capacidade demonstradas por esta equipa e pelo Sérgio ao longo da época.

Parabéns às duas equipas que nos deram uma final empolgante, recheada de emoção e sofrimento. Mas, como é normal, apenas uma das equipas acaba a sorrir.

Notas finais para as figuras desta final.

O público, que foi extraordinário e que fez deste jogo uma festa.

Marco Silva, que foi o vencedor muito para além do jogo. Viveu novas situações que não estavam no plano, que o obrigaram a intervir e decidir. Agora é fácil dizer que agiu bem, porque ganhou, mas um treinador vive dos resultados das suas acções. Foi isso que aconteceu.

A expulsão de Cédric obrigou-o a mexer e a fazer entrar Miguel Lopes. Mané veio na segunda parte e o mesmo Miguel voltou a sentar-se alguns minutos depois para a entrada de Montero. As opções nunca são fáceis e por vezes não correm bem mas há que decidir. A conversa ao intervalo, foi importante, acredito eu. E até aos 83 minutos nada corria bem, mas tudo mudou nesse momento. Ficou, como referiu, a capacidade de fazer a equipa acreditar, de nunca desistir e no fim, com a tal pontinha de sorte, acabar premiada.

Nos jogadores, do lado do Sporting, Rui Patricio. Já em dificuldades físicas no final, conseguiu parar um remate de Agra, aos 113 minutos, e com isso levar a equipa para a decisão nos pénaltis. Nesse momento, como escrevi acima, foi enorme e decisivo.

Do lado do Braga, o jovem Rafa. Importante na manobra da equipa, foi sempre um problema para a defesa do Sporting. Marcou o segundo golo numa jogada de insistência, a revelar frieza e qualidade.

P.S.: o futebol de clubes parou mas o das selecões começa agora. Decisões no Mundial de sub 20, Europeu de sub 21 e no jogo de qualificação da selecção AA. Mas ainda falta muita decisão nos clubes. Começou agora o defeso.