O que espera o FC Porto em Munique? Muitas dificuldades, seguramente, mas falo delas mais à frente.

Para já, contra a Académica, Lopetegui colocou os seus jogadores à prova e a resposta foi positiva. O jogo do último sábado trouxe nove alterações em relação ao onze que defrontou o Bayern: apenas Alex Sandro (que está castigado para a 2ª mão) e Fabiano fizeram parte das escolhas.

Foi um desafio ao plantel do FC Porto: provar que tinha qualidade, numa altura em que perder pontos é proibido e a uma semana do jogo decisivo da Luz. A confiança foi evidente, revelando as soluções que a equipa tem.

O desfecho desta terça-feira, em caso de apuramento, aumenta a confiança no grupo e o jogo de domingo pode decidir toda uma temporada. Esta é uma semana que pode marcar a continuação do sonho ou ser o fim de uma época, veremos.

O pensamento já está em Munique mas, afinal, que se passou na passada quarta-feira no Dragão? Na primeira mão contra o Bayern quase tudo saiu bem: apenas o golo sofrido retirou a perfeição. A estratégia pensada por Lopetegui foi bem executada pela equipa, com uma exibição de grande nível.



Grande início de jogo: pressionaram alto, tiveram intensidade, agressividade, provocaram o erro e foram eficazes quando as oportunidades surgiram. Durante o jogo os jogadores do FC Porto tiveram menos bola que o Bayern, e era normal que assim fosse, mas souberam sempre estar bem posicionados, consistentes e a sair com acerto.

A pressão no momento certo deixou os alemães sem reacção. Não estavam à espera de uma entrada desta forma, com o FC Porto a sublinhar que é preciso contar com ele na discussão da eliminatória.

O desgaste físico e emocional foi muito grande. A vitória aconteceu com naturalidade face ao desempenho conseguido, mas era importante descansar face aos dois grandes jogos que iriam seguir-se.

A não utilização contra a Académica de todos os jogadores que irão marcar presença no onze em Munique, à excepção de Fabiano, era para mim expectável. Era um risco, porque o FC Porto jogou com uma equipa toda nova, sem qualquer ligação, mas o que vai acontecer esta semana é demasiado importante e decisivo para não ter todos os que vão ser escolhidos com o descanso possível e recuperados para os embates. A gestão foi feita por Lopetegui e correu-lhe tudo bem. O desafio agora é em Munique.



O que vamos ter no Allianz Arena? O Bayern vai ter mais bola como é normal. No Dragão, apesar de tudo, teve menos 2% do que tem tido de média nesta Liga dos Campeões. Vai ser fiel à sua identidade e princípios de jogo. Tudo certo: acredito que a equipa do Porto está preparada para isto. Quer isto dizer que vai passar? Não sei, isso vai depender da forma como vai reagir ao jogo ritmado e intenso que acredito o Bayern vai utilizar.

O FC Porto vai sofrer e mais ainda se porventura - espero que não - um golo alemão acontecer cedo. Do que precisa? Concentração e a consistência demonstrada no Dragão, a mesma ambição – e, sobretudo, ter a capacidade para pressionar nos momentos certos e criar perigo. Defender apenas, como referiu Jackson, não pode ser: é a morte do artista, como se costuma dizer. Por isso é preciso colocar a equipa do Bayern em sentido, com a sensação de que um golo portista pode acontecer e deitar tudo a perder.

Foram apenas há uns dias os erros cometidos no Dragão e isso convém ser lembrado pelos jogadores do FC Porto aos alemães. Chegar à área do Bayern e criar lances de perigo vai deixá-los em sobressalto - e marcar era o ideal. Isto que estou a escrever parece fácil de fazer, mas não é: tenho consciência da exigência e dificuldade que o Porto vai encontrar.



Além dos problemas criados pelo Bayern, a ausência dos laterais complica. Danilo e Alex Sandro estão completamente rotinados e são muito importantes nos processos ofensivo e defensivo. Baixas de vulto que vão obrigar a mexer, na esperança de que as alternativas resultem. Ricardo na direita e Martins Indi na esquerda: acredito serem estas as opções. Tem a palavra Lopetegui.

Não há receitas mágicas, apenas planos, que umas vezes se cumprem e outras não.
Mas a imprevisibilidade do próprio jogo e a qualidade da equipa do Bayern podem ditar muita coisa. Acredito que é possível a presença nas meias finais. Já falta pouco para o sabermos.

Por último uma nota para o clássico de domingo: que grande jogo em perspectiva, pleno de emoção! A liderança está em discussão e as melhores equipas da nossa Liga têm um confronto que pode decidir tudo ou deixar a decisão mais para a frente. Temos Jonas, temos Jackson e vários outros jogadores que dão a qualquer entusiasta vontade de seguir este jogo. O meu lugar está reservado em frente à TV.