Os últimos sete minutos do Sporting-Benfica foram vividos com emoção e sugerindo uma certeza que acabou por não se verificar. O resto do jogo foi muito fechado. As equipas tinham as linhas sempre juntas e não havia espaço.
Não houve desequilíbrios. Mas houve luta e entrega. Não houve lances daqueles que se esperam num clássico como este. Onde estava quem tinha de o fazer? Tapado e sem espaço. Houve intensidade e muitos duelos. A organização defensiva das equipas foi excelente e por isso rarearam as oportunidades.
O Sporting foi melhor e foi quem as teve. Assumiu na maior parte do tempo as despesas e a iniciativa do jogo, porque essa era a sua obrigação se queria aspirar a algo mais nesta Liga. Mostrou personalidade, não deixou o adversário jogar como gosta e criou dificuldades à defesa benfiquista. Mas faltou quase sempre melhor definição e boa decisão no último passe. Pelo que fez, o Sporting merecia sair vencedor, mas acabou por sofrer o empate aos 93,32 e o jogo terminou mal a bola foi ao centro.
O Benfica entrou em campo com sete pontos de vantagem e, apesar de Jesus dizer que queria ganhar, - acredito que sim - a estratégia montada e o que se via no jogo diziam-nos o contrário.
Esperava-se
Pizzi, mas Jesus queria mais defensivamente e surpreendeu com a inclusão de
André Almeida no onze. A luta e o controlo da zona central eram importantes e a presença do jovem português levava o Benfica a jogar também com a diferença pontual e gerir o jogo a partir daí.
Samaris e André iriam dar, como deram, mais consistência e capacidade para travar o meio campo leonino. Não importa se integravam as ações ofensivas. A missão era outra. Esperava-se que Salvio e companhia fizessem o resto. Não aconteceu, e as oportunidades não surgiram e o facto de
Rui Patricio não ter feito uma defesa é bem ilustrativo do desempenho ofensivo.
O golo, esse, surgiu mesmo no fim, entre ressaltos e a eficácia do remate de Jardel. O Benfica teve a sorte do seu lado e saiu feliz de Alvalade.
E as individualidades?
Jesus tem razão. Não houve
Nani e Carrillo, como não houve
Salvio, Jonas e Lima. Não havia espaço, a ajuda estava sempre lá e ninguém conseguiu desequilibrar.
Mas houve quem cumprisse com sucesso a sua missão: quem tinha outras tarefas.
Samaris foi o melhor do Benfica. Foi uma das referências na zona central, com muito à-vontade e com a certeza dos terrenos que tinha de pisar. Defendeu a sua zona, fez compensações e foi sempre uma opção de passe para os colegas. Não se escondeu e esteve sempre com confiança em todo o jogo.
A exibição de
William Carvalho levou-me a um passado recente. Sim, o William dos jogos de qualidade da época passada voltou e com isso uma segurança que tem faltado várias vezes a equipa do sporting. Esteve bem no passe, na recuperação e sempre bem posicionado. A equipa cresce com o bom rendimento de William.
Uma nota final para os jovens que viveram o seu primeiro clássico, individualmente e como dupla.
Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo estiveram muito bem e têm motivos para recordar as suas exibições. Pela frente tiveram jogadores da qualidade de Jonas e Lima e muitas vezes assumiram 2 para 2 sem medo. Os avançados brasileiros pouco fizeram e o mérito vai para Paulo e Tobias. Concentrados, confiantes e sempre a tomarem as melhores decisões seja na antecipação, na certeza do desarme, demonstraram a sua qualidade.
Para eles, o primeiro de muitos clássicos - espero eu - foi de nota máxima.
Pedro Barbosa Escreve
A sua revista digital
10 fev 2015, 10:19
Dérbi: a referência Samaris e o William da época passada
Quem tinha de desequilibrar nunca teve espaço. Brilhou quem tinha outras tarefas
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