O terceiro dérbi da época, desta vez para a Taça de Portugal foi um grande jogo de futebol. Muito público, grande ambiente e um jogo competitivo, com qualidade e com incerteza no resultado até ao fim.

Um tinha de ficar pelo caminho e acabou por ficar o Benfica. O Sporting foi melhor ao longo dos 120 minutos, apesar de algumas fases equilibradas. Os primeiros 45 minutos foram os melhores momentos do Benfica e foi o tempo que durou.

De resto, o Sporting foi mais equipa, mais pressionante e quem mais perto esteve de chegar à vitória que aconteceu já perto do final do prolongamento. Mas o jogo trouxe outras situações e deu-nos mais algumas respostas.

Desde logo, na sequência das questões que levantei neste espaço, na semana passada, quem marcou primeiro não venceu ao contrário dos outros dois confrontos anteriores. O Benfica não conseguiu aguentar a vantagem e o Sporting - que se viu em desvantagem pela primeira vez - teve a capacidade para dar a volta ao resultado.

Isto revela o momento e a confiança que cada equipa tem nesta altura. Os treinadores são os líderes e têm sido protagonistas desde o início da temporada. O confronto existe desde Julho e este dérbi não fugiu à regra. Começou nas conferências de antevisão e prolongou-se até depois do jogo.

Pelo meio, no que importa realmente, Jesus voltou a ganhar. Surpreendido com o onze apresentado por Rui Vitória, o técnico do Sporting mexeu ao intervalo e esteve aí, quanto a mim, a chave do jogo. A passagem de João Mário para o centro do terreno marcou o ritmo da equipa e a superioridade a partir desse momento.

Sem Jonas, Rui Vitória optou por colocar Gaitán na ligação entre Mitroglou e o seu meio campo. Os primeiros 45 minutos foram prometedores e a equipa foi forte.
Razões para isso, que faltaram nos dois jogos anteriores? Desde logo as linhas juntas e a atitude pressionante, intensa, com que cada lance foi disputado.

A capacidade que Gonçalo Guedes e Pizzi tiveram para serem o apoio à dupla central do meio campo e também ao respectivo lateral.

A linha de quatro do meio-campo estava curta e junta e o espaço para o Sporting jogar era pouco. A juntar a isto a acção de Gaitán, contribuindo para o equilíbrio e, por vezes, superioridade numa zona vital do jogo. Mas a verdade é que durou apenas 45 minutos.

Com a colocação de João Mário no meio o Sporting ganhou o controlo do jogo e a intensidade com que a equipa entrou fez recuar as linhas do Benfica.

Rui Vitória tentou mexer mas apenas equilibrou por momentos. Era visível que o Sporting estava mais forte e com outra capacidade e, apesar de ter havido mais 30 minutos, venceu bem. Rui Vitória ainda não encontrou antídoto para este Sporting e se não houver confronto na Taça da Liga, o dia 6 de Março de 2016 marca novo duelo.

Do lado do Benfica, Luisão, Samaris e Gonçalo Guedes foram os que estiveram melhor. O capitão posicionou-se bem e foi eficaz nas tarefas que tinha para cumprir. Samaris foi o elemento mais esclarecido do meio campo. Gonçalo correu muito e foi irrepreensível no cumprimento das indicações defensivas de Rui Vitória. Muito bem a fechar o espaço interior e no apoio ao lateral, mas ficaram a faltar os desequilíbrios na frente e o aproveitamento do espaço nas costas de Jefferson.

Do lado do Sporting, Adrien, João Mário e Slimani foram as figuras. Para o avançado argelino não há bolas perdidas nem tempo de descanso para os defesas.
Falha por vezes na recepção e em passes simples mas não desiste. Dá profundidade à equipa e arrasta-a com o seu entusiasmo na procura de soluções para finalizar. Soube estar no momento certo para marcar e decidir o apuramento.

João Mário voltou a fazer uma boa exibição. Seja por fora ou por dentro, tem a capacidade para ler bem o jogo e tomar as melhores decisões. A passagem para o meio, ao intervalo, fez crescer a equipa e permitiu outras soluções. Gosta de ter a bola e sabe movimentar-se no momento certo para aparecer em posição de finalização.

Por último, Adrien, quanto a mim o melhor em campo. Sempre bem posicionado, a pressionar, a recuperar bolas e assertivo no passe, coroou a sua exibição com um golo de difícil execução.

P.S – Esperava outras declarações de Gonçalo Guedes e Rui Vitória na flash interview. Não perceber o que se passou é um mau indicador para os desafios que aí vêm.