O camisola 5 do Atlético Madrid magoou-se no minuto 27 no jogo do passado sábado. A lesão, grave, vai afastá-lo dos relvados nos próximos meses. Aos 34 anos, e a apresentar um bom rendimento no seu clube e na nossa seleção, Tiago vê interrompida a sua carreira.

Para um futebolista, não jogar é a pior coisa. E quando isso se deve a uma lesão ainda pior. Não estamos a falar de uma pequena lesão em que, mal damos conta, já corremos e saltamos como se costuma dizer. Esta é uma lesão grave que obriga a uma paragem mais prolongada e afasta Tiago daquilo que mais gosta de fazer.

Correr, saltar, rematar, sentir o gosto e adrenalina dos treinos e, principalmente, dos jogos será por esta altura apenas uma lembrança. Agora Tiago vai passar o tempo no posto médico, a recuperar da lesão e da operação a que foi sujeito. A regra é a de que a exigência num processo destes é muito grande.

As necessidades nestas alturas são muitas - desde logo a capacidade mental para estarmos preparados para enfrentar momentos difíceis, por vezes complicados de ultrapassar na recuperação. Nem todos os dias serão bons e um espírito positivo e confiante, capaz de perceber que o caminho de uma recuperação tem altos e baixos, vai torná-lo mais forte, não tenho dúvidas.

O pensamento de todos aqueles que passam por situações destas, é que a recuperação decorra sem problemas e rapidamente, tal é a vontade de voltar aos relvados. Nem sempre isso acontece e eu próprio vivi uma situação dessas. Recordo-me de que num inicio de época, num jogo particular em Agosto, com o FC Porto em Alvalade, parti o perónio, julgo eu que logo aos 2 minutos.

Não cheguei a ser operado mas estive cerca de um mês imobilizado. A fase seguinte já incluía o relvado onde, juntamente com o Carlos Bruno, que orientava este processo, comecei por andar e depois correr.
Íamos todos os dias ao relvado e lembro-me perfeitamente das nossas conversas porque havia dias em que não via evolução ou pelo menos eu assim pensava. A vontade de voltar a jogar era enorme mas tudo tinha o seu tempo. A recuperação lá acabou e voltei a jogar sem problemas. Ser persistente, determinado e cumpridor com o que se tem de fazer ajuda e muito e faz a diferença na recuperação.

Não tenho dúvidas de que este será o comportamento de Tiago. Apesar do infortúnio,vai voltar a jogar esta época e ajudar a equipa como referiu. A equipa espera por ele e Simeone já referiu a importância que ele tem neste momento.

Os números falam por si: dos 18 jogos realizados, entre cinco para a Liga dos Campeões e 13 para a Liga espanhola, foi titular em 17 e suplente utilizado num jogo nacional. Os seus 34 anos trazem a experiencia acumulada que outros jogadores de 26/27 anos (já para não falar de mais novos) não têm, lembrou Simeone.

Fernando Santos tem com certeza o mesmo pensamento e o seu regresso à selecção portuguesa revelou isso. Tiago trouxe experiência a um sector importante e contribuiu para a estabilidade e a série de resultados positivos da nossa selecção. França ainda vem longe e, no meu entender, ainda a tempo de Tiago recuperar e apresentar-se bem.

É isso que espero. Que a recuperação seja feita sem pressas e provavelmente teremos o Tiago de regresso, em tempo útil para a sua equipa e para os desafios que surgirão no fim da temporada e, no que a Portugal diz respeito, ser opção de Fernando Santos nos 23 para França.

Reforçando o que escrevi acima, é importante que o atleta nesta altura esteja focado na recuperação e no que deve ser feito. «Vou regressar mais forte. O pior já passou e agora tenho de pensar no futuro. Espero que corra bem e acredito que isso irá acontecer.» Estas foram as palavras de Tiago à saída do hospital, após a operação, e revelam a confiança e a convicção com que se prepara para enfrentar mais um desafio na sua carreira.

Tiago: cá estaremos a acompanhar a tua recuperação e o regresso aos relvados. O Atlético de Madrid espera por ti e a selecção também. Muita força e um abraço.