O que se passa com o FC Porto?

Bateu no fundo, disse Pinto da Costa na semana passada, depois da derrota em casa contra o Tondela, último classificado da Liga. Os seis jogos que faltavam seriam decisivos para saber com quem se vai contar na próxima temporada, referiu também o presidente portista. Aproveitar o quê? Fazer tudo de novo? São, pelos vistos, as questões que nesta altura passam pela cabeça de Pinto da Costa e da sua direcção.

Mas não deviam contar todos os jogos, todos os momentos, ou a avaliação faz-se a partir de agora? Para mim não. Mas se esse é o pensamento de quem dirige, começou mal para todos: a derrota em Paços de Ferreira acentuou o mau momento e reflecte a forma como a equipa não consegue reagir.

É óbvio que não serão estes seis jogos a decidir mas a mensagem, pelos vistos, tinha de ser passada para a opinião pública e, principalmente, para os seus adeptos. É normalmente o discurso dos dirigentes no nosso futebol. Medidas imediatas, outras que ainda se vão ver e outras de fundo porque a próxima época será construída sobre vitórias disse Pinto da Costa. O pensamento já está no futuro mas, como tinha dito na passada sexta-feira, no programa «Maisfutebol» da TVI 24, estes seis jogos importam, e muito. E um já passou.

A derrota em Paços deixa marcas como é natural - tudo o que possa acontecer de negativo ainda esta época só fragiliza um plantel, uma equipa, um treinador e a sua direcção. Não basta olhar para o futuro como se nada houvesse ainda para disputar. Parece-me que as indefinições são várias e o caminho ainda não está encontrado - isso para mim é evidente. O futuro joga-se para já em cada jogo e não apenas na próxima época.

O discurso para a bancada é o normal. Esquecer o que falta para jogar ou pelo menos não lhe dar a importância que efectivamente tem é, a meu ver, um erro.

Colocar o carácter dos jogadores em causa não ajuda. Mexer com o plantel, chamá-lo à razão, foram as tentativas de Pinto da Costa mas é o treinador que tem de lidar com esta situação todos os dias. Se a confiança não abunda no balneário, as derrotas ainda complicam mais.

Todos estão abaixo da sua qualidade, daquilo que podem fazer e as dificuldades são claras numa altura em que se tenta inverter o rumo. Uma coisa é certa nesta altura: o FC Porto de Peseiro tem mais pontos perdidos na Liga, em menos jogos que Lopetegui, mais golos sofridos e menos marcados. São onze jogos com sete vitórias e quatro derrotas contra os 17 jogos do espanhol, que fez 12V/4E/1D.

Lopetegui saiu em segundo lugar, com os mesmos pontos do Benfica e a 4 do Sporting que liderava. Nesta altura são 12 pontos a diferença para o primeiro e 10 para o segundo classificado. A mudança não está a resultar.

Nos 18 meses em que esteve no Porto, Lopetegui cometeu alguns erros pelo caminho e fez coisas boas também. Mas não ganhou. Para um clube habituado a vencer, e com um investimento muito grande (o que poderia fazer Paulo Fonseca se esse investimento tivesse acontecido consigo?), não ter resultados é muito complicado.

Para trás ficam as saídas de cinco titulares no início desta época, que proporcionaram um ano extraordinário de vendas. Os reforços ficaram aquém do esperado. O jogo inconsistente a perda do primeiro lugar levaram a maior contestação. A saída foi inevitável. Isto foi a 7 de Janeiro. De lá para cá, o registo é o que referi acima.

A entrevista da semana passada do Presidente do Porto foi a projectar o futuro e a tentar explicar que o passado recente, e o que se está a viver, tem a responsabilidade de Lopetegui. Pinto da Costa foi quem o escolheu e deu-lhe liberdade para gerir o futebol, com um grande investimento na equipa mas, pelos vistos, nenhuma responsabilidade. Enfim, mais do mesmo e nada que o futebol português não esteja habituado.

As eleições para o clube são já este mês e Pinto da Costa vai sozinho a votos. O desafio é hoje muito maior que no passado. A responsabilidade de colocar o Porto no caminho certo é enorme, por isso as decisões têm de ser acertadas.

Mas a época não acabou: cinco jogos para a Liga e uma final da Taça de Portugal.

Ainda há muito para jogar, para a equipa e para Peseiro também. Tenho muitas dúvidas que continue. Peseiro não tem sido capaz de potenciar os jogadores e a equipa e os resultados são o que são. O contrato diz que tem mais um ano mas desta forma e com estes indicadores a continuidade pode estar em causa, se não já decidida... Veremos no final de Maio.

Termino como comecei: o que vai ser deste novo FC Porto? A aproveitar quem tem ou com uma nova mudança?