O mercado continua agitado nos clubes grandes e não só. As entradas e saídas ainda não terminaram. A partir da próxima semana é altura do balanço do mercado.

Na Liga, terminou a segunda jornada e a surpresa maior foi a
derrota do Estoril em casa, perante um Rio Ave europeu, por números expressivos. Couceiro foi contestado, mas convém lembrar que repetir o que foi feito nas duas épocas é extremamente difícil. Alguns clubes pensam (e não é este o caso) que o que conseguiram é o patamar sob o qual vão passar a viver. Errado. É preciso criar as bases, consolidar um projecto e no devido momento partir para outros objectivos como base. Isto não se faz de um momento para o outro.

Marco Silva deixou um trabalho notável e excelentes resultados, mas partiu sempre dentro dos objectivos mínimos e foi atingindo outros, fruto do excelente rendimento apresentado. Dito isto, parece-me que o Estoril tem de viver dentro dos seus objectivos que é a manutenção e isto foi referido pelo Presidente e pelo treinador. O que vier acima disto será o reflexo do trabalho realizado. Os clubes têm de viver dentro da sua realidade e as condições e as expectativas têm de ser ajustadas.

Mas o fim-de-semana também teve outras histórias. O primeiro hat-trick da temporada teve Hassan do Rio Ave como protagonista. O jovem egípcio, com 21 anos, está em Vila do Conde desde os juniores e foi lançado por Nuno Espírito Santo. Tem vindo a evoluir e é também um dos bons valores a seguir. Pedro Martins agradece.

A ausência de Quaresma da convocatória do jogo com o Paços de Ferreira, após ter entrado na passada terça-feira contra o Lille aos 89 minutos, foi motivo de conversa. Tudo começou com a surpresa e insatisfação de Quaresma por não ter jogado em Lille. Falou-se de accção disciplinar de Lopetegui e que teria a vida dificil.

Quaresma veio a público dizer para não fazerem filmes. Não sabemos o que se passou. Se mão firme e decisão de Lopetegui ou opção e neste caso um sinal de que ninguém, nem mesmo o capitão, está a salvo da rotatividade e do rendimento que vai determinar as suas escolhas.

O actual capitão passou de indiscutível a ver o jogo em casa. Este alerta serviu, se fosse preciso, para Quaresma perceber que o seu talento tem de ser constantemente colocado ao serviço da equipa. O regresso às opções vai depender dele e não de um estatuto adquirido. Lopetegui já afirmou que não tem onze titulares. Face às opções de que dispõem, a escolha do onze vai depender de diversos factores.

Cabe a cada um dos jogadores dar o máximo para dificultar a sua escolha. O FC Porto tem esta terça-feira uma partida decisiva para as aspirações da equipa e para o prestígio que o clube quer continuar a manter. Quaresma está entre os eleitos e veremos se será utilizado. Tem a palavra Lopetegui.

Nani chegou ao Sporting a semana passada e foi titular. Para mim foi a opção correcta. Tem treinado, vem com ritmo e jogou na primeira jornada da Premier League.

Naní vem para ser uma mais-valia e poder emprestar a sua experiência, a sua capacidade para criar desequilíbrios numa equipa que é apenas equilibrada e que precisa de algo mais. Acredito que Naní possa ser esse elemento e torne o colectivo mais forte. Houve euforia na chegada de Naní e o elevar de expectativas. É normal que os adeptos vejam este regresso a casa com o entusiasmo normal de quem quer voltar a ganhar. Esse pode ser o pensamento dos adeptos, mas Marco Silva e bem tratou de dizer que a responsabilidade é a mesma com Nani.

A época é longa e a Champions está a chegar. Os desafios serão maiores e diferentes por isso a equipa tem de ser realista. Apresentar-se organizada, consistente e coesa será a base, com Nani a ajudar a serem mais fortes.

Mas voltando ao jogo, Nani teve uma estreia positiva, sem grandes acções, mas que ficou marcada pelo que sucedeu na altura do penalty, aos 63 minutos. Adrien é o marcador e Naní tomou o seu lugar. Para mim não há momentos de confiança e de fé nestas situações. Há regras, há situações definidas e cabe aos jogadores seguirem as indicações do treinador. Nani vem para ser o elemento, como referi mais acima, que vai acrescentar qualidade e experiência a uma equipa jovem. Não vem para assumir este tipo de protagonismo.

Nani cresceu no Sporting, saiu e afirmou-se no futebol europeu pelo que fez em campo e estas atitudes não ficam bem para todos aqueles e principalmente os mais jovens que o vêem como um exemplo e que o querem seguir. E na Academia são muitos. O estatuto adquirido por Nani foi o suficiente para ultrapassar a hierarquia estabelecida e ninguém na equipa teve capacidade para o questionar. Adrien, surpreendido, afastou-se e evitou uma situação complicada. Esteve bem. Nani esteve mal. Não vi nem ouvi declarações suas, mas espero que tenha aprendido.

Marco Silva devia ter agido? Face ao que estava a acontecer, podia ter dado a indicação para o relvado que não era Nani a assumir a marcação. O resto ficava por conta do jogador. A opção foi outra e deixou correr a situação. A substituição aconteceu 13 minutos depois e no final do jogo relativizou, revelou hierarquias e referiu-se ao assunto como um momento do jogo. Internamente fará a avaliação e agirá como deve ser. Não há outra forma.

O respeito e a autoridade do treinador não podem ser postos em causa. O plantel percebe a fragilidade de um treinador e Marco não deve nunca, neste desafio enorme que tem pela frente, permitir que a sua liderança fique fragilizada. Nani é um jogador importante e espero que seja efectivamente a mais-valia que todos esperam mas não está acima da equipa e nisso Marco tem de ser inflexível, seja com quem for. A estrela é a equipa e Marco o seu líder.

PS: péssima notícia para Ruben Amorim. Lesão grave e paragem prolongada. Perde o Benfica e a Selecção Nacional. Força e um abraço!