O Mundial aproxima-se do fim e os quartos de final voltaram a trazer bons jogos com a emoção, o equilíbrio e a magia que o futebol proporciona. Destaco dois deles.

A Colômbia defrontou o Brasil e saiu eliminada mas vendeu cara a derrota, demonstrando o porquê de ter chegado a esta fase. Bem trabalhada por Jose Pekerman, foi sempre uma equipa organizada que apresentou futebol de qualidade que empolgou os adeptos e quem gosta de futebol e teve em James Rodriguez a sua maior figura.
 
O Brasil demonstrou respeito e a apertada vigilância sobre James, a maioria das vezes em falta, revela isso mesmo. Era uma das estratégias e resultou.

O jovem de 22 anos não se ficou e tentou assumir o jogo. Nem sempre com sucesso, mas não fugiu à responsabilidade. Ao minuto 78, James pegou na bola e assumiu o penálti com confiança e a responsabilidade que trazia desde o inicio da competição. Não vacilou e marcou com classe, colocando novamente a Colômbia no jogo. Como foram sofridos por todos os brasileiros os últimos minutos.
 
Para já, James tem o melhor golo do Mundial e a liderança nos melhores marcadores. Será que Muller e Messi lá chegam???

O Brasil ganhou mas perdeu Thiago Silva por um jogo. E perdeu por lesão já no final do jogo o seu craque Neymar. Duas baixas importantes.
 
Neymar está afastado do Mundial e o Brasil está preocupado. Perde a sua maior figura, aquele que todos esperam que resolva e que tem dito presente.
 
Como vai o Brasil reagir a estas perdas, principalmente a de Neymar?
 
Sem Neymar, a meu ver,o Brasil perde provavelmente o único elemento que é desconcertante e que desperta nos adeptos brasileiros a certeza de poder vencer. Neymar tem muita qualidade e diverte-se a jogar. Poder fazer o que faz (e por vezes exagera) e, com a liberdade que lhe é dada, eleva o seu jogo e o da equipa para outro patamar.

Não existe mais nenhum Neymar no lote dos 23 e por isso Scolari mais do que nunca vai fazer o apelo ao colectivo. Unidos num só objectivo.
 
O povo brasileiro espera pela Copa e isso Scolari vai com certeza passar e repetir vezes sem conta. Levar a equipa até a final e poder conquistá-la.

Este é um Brasil diferente, influenciado pela forma como os seus jogadores jogam na Europa, mas igualmente forte. Um jogo mais tático, mais pensado e menos espetacular. Sem Neymar ainda menos.

Do onze habitual de Scolari, apenas Fred joga no Brasil e tambem ele teve passagem pela Europa. Neymar era um dos poucos que mantinha intactas as qualidades tipicamente brasileiras e dos poucos que agarrava os adeptos com a capacidade de improvisar, de os fazer levantar das cadeiras e de estarem sempre à espera de algo espectacular. Este é o Neymar que o povo brasileiro gosta e não fosse a lesão o sonho do título estaria mais perto.
 
Resta a Scolari, sem o seu melhor jogador e aquele em quem desde a primeira hora confiou os destinos da equipa, olhar para dentro e decidir quem colocar. Sabendo que não há nenhum como ele.
 
Depois o Holanda-Costa Rica, que foi até aos  penáltis.
 
A Costa Rica repetiu os oitavos de final, um jogo em que o adversário foi melhor mas  nunca conseguiu desfeitear Keilor Navas. Mais uma vez teríamos a decisão por penaltis.
 
Muito do sonho dos Los Ticos, deveu-se a Navas, a maior figura desta selecção superiormente dirigida por Jorge Luis Pinto. Este colombiano de 61 anos,montou uma equipa organizada, mostrou qualidade e fê-los acreditar (e os jogos provaram isso) que era possivel passar o grupo da morte e continuar.

Pararam nos quartos de final e são para mim o maior destaque deste Mundial. Mas desta vez falharam.

Chegados aos penáltis, não revelaram a mesma eficácia e confiança na decisão como contra a Grécia. Dos cinco escolhidos apenas uma alteração, porque quer Bolanos no primeiro jogo quer Campbell no segundo não estavam em campo. Apenas a alteração do marcador do 4º penalty e tudo o resto manteve-se igual. Os mesmos jogadores e a mesma ordem na marcação.
 
Então o que correu mal ?
 
Os momentos nunca são iguais e os factores são tão diversos como o cansaço, concentração, confiança, entre outros.

E o minuto 119  teve importância?

Também.
 
A troca de guarda redes surpreendeu toda a gente menos Tim Krul, Van Gaal e Franz Hoek, que tomaram a decisão. Decisão arriscada mas que surtiu efeito e foi feliz. O objectivo foi conseguido e Tim Krul foi o herói.
 
Guardou para ele a decisão tomada por Van Gal e Franz Hoek e preparou-se para ela, como o próprio referiu em conferência de imprensa, durante todo o jogo. A surpresa foi geral.
 
O que pretendia Van Gaal ? Era mesmo Krull o melhor ?

O registo no seu clube revelava uma situação normal. Por vezes a decisão é tomada com base nos detalhes e pequenos aspetos que passam ao lado de quem não está presente no dia a dia de uma equipa.
 
Claro que esta situação mexeu com os jogadores, mas também acredito que Krul, na ideia dos treinadores, era quem mais garantias dava naquele momento especifico.
 
Mas o que dizer de Cillessen, que tem estado bem e aos 116m evitou o golo? Estava com certeza confiante e com capacidade para enfrentar os penáltis.
 
Mas pelo que foi dito a decisão já tinha sido pensada e tomada antes do jogo começar. Era esperar pelo decorrer do jogo. Van Gaal fez a primeira substituição aos 75m e a segunda só aos 105m. No tempo regulamentar apenas uma e uma outra no tempo extra. Não é muito normal.

O tempo todo, esta opção esteve na cabeça de Van Gaal.
 
Ao minuto 119 entra Krull e sai Cillessen. Sentimentos antagónicos. O titular sem compreender a razão e Krull completamente focado na tarefa que tinha pela frente.
 
Van Gaal e principalmente Franz Hoek (o treinador de guarda redes que já tinha estado com Van Gaal no Barcelona e o vai acompanhar para Manchester) sabiam que esta podia ser uma solução eficaz.
 
Esta opção, arriscada é certo, provocou em Krul uma enorme confiança, que o tornou capaz de se superar, de se tornar quase intransponível, porque o seu líder acreditou que ele era a melhor opção para defender a Holanda naquela decisão.
 
Nem sequer imagino (ou faço uma pequena ideia) como devem ter sido vividos aqueles 119m na cabeça de Krul.

À medida que o tempo ia esgotando e o resultado não se alterava, as possibilidades de entrar aumentavam. Acabou por entrar e, entre a pressão que exerceu nos adversários, (perante a complacência do árbitro !!) e as  defesas conseguidas, deu à Holanda novo herói.

E Cilessen ?

Nunca é fácil para o guarda redes titular e ainda para mais sem saber da decisão até ao momento da mesma ser tomada, como todos nós que assistiamos. Estava com a confiança em alta mas a opção trocou-lhe as voltas.

Para já a certeza de que vai ser ele a iniciar o jogo contra a Argentina. Veremos como vai ser no caso de haver penáltis.

Ai estão as meias-finais. Espero grandes jogos.