Este fim de semana demonstrou que a luta pelo titulo continua acesa e disputada. Rio Ave e Nacional foram as equipas que retiraram pontos a Benfica e FC Porto, merecendo destaque e elogio.

Faltam oito jornadas para o final e há ainda 24 pontos por disputar. Se há umas jornadas o pensamento de muitos colocava o Benfica como previsível campeão, depois da derrota de sábado ficou tudo em aberto. Este resultado negativo e o empate do Porto, colocou o seu adversário a depender de si próprio para ser campeão. A diferença que era de seis pontos é hoje de três.

Mas para já uma nota sobre os resultados do Benfica, desde o inicio do ano, em fora e casa: tirando as vitórias expressivas em Penafiel e na Madeira, frente ao Marítimo a 4 e a 18 de Janeiro, todos os outros jogos como visitante revelaram-se complicados, com dificuldades e desfechos diferentes.

Desde 26 de Janeiro, na visita a Paços de Ferreira, nos cinco jogos realizados o Benfica tem duas vitórias, um empate e duas derrotas, e um saldo de oito golos marcados e cinco sofridos.

Olhando para o comportamento nos cinco jogos no Estádio da Luz, desde o início do ano, verificamos que o saldo é de 17 golos marcados e zero golos sofridos. A qualidade e o comportamento autoritário apresentados em casa não têm sido os mesmos quando a equipa vai fora e isso é apenas um dos factores que podem ajudar a explicar estes resultados.

Apesar destes números, nada fazia prever este desfecho depois da exibição, provavelmente a melhor da época, do Benfica contra o Sp. Braga. Só que a superioridade e a qualidade demonstradas no jogo da semana passada não tiveram continuidade no Estádio dos Arcos.

Apesar da boa campanha do Rio Ave na Liga, e da ambição demonstrada por Pedro Martins na antevisão do jogo, as probabilidades estavam todas do lado do Benfica. E marcar logo aos 5 minutos, por Salvio, fez pensar que o jogo podia tornar-se fácil. Mas não: o tempo foi decorrendo mas pouco foi sendo feito para resolver de vez as coisas. O Rio Ave pouco incomodava e o Benfica geria a partida.

Para complicar ainda mais a vida para o Rio Ave, Marcelo e Hassan saem por lesão, aos 36 e 38 minutos. Duas substituições forçadas, apenas uma para fazer, com tanto tempo para jogar.

Prince entrou para a zona central, Ukra para a ala e nada se alterou. Mas a estratégia que podia estar pensada por Pedro Martins tinha necessariamente de ser modificada. O intervalo chegou e rectificações foram feitas e foi um Rio Ave diferente para melhor que surgiu na segunda parte. O Benfica mantinha o mesmo comportamento mas o resultado não interessava ao Rio Ave e foi então que Pedro Martins voltou a mexer.

Aos 56 minutos saiu Pedro Moreira, um jogador com preocupações mais defensivas, e entrou Diego Lopes, com tarefas ofensivas. A sua entrada revolucionou o jogo. A vida dos treinadores é feita de opções - e quantas delas não resultam – mas, neste caso, o jovem brasileiro foi determinante na alteração do desfecho.

Pode a entrada de um jogador mudar o curso do jogo? Pode - foi o que se verificou nesta situação. É certo que ninguém ganha sozinho, mas a entrada de Diego Lopes trouxe também uma melhoria significativa do colectivo: a equipa começou a responder e demonstrou que tinha capacidade para alterar o resultado.

No plano de Pedro Martins, a colocação de Diego iria trazer mais posse, maior e melhor capacidade para circular a bola, criar desequilíbrios e ter um último passe eficaz. Tudo isso aconteceu: Diego respondeu em pleno e a equipa veio atrás. A frieza e a certeza de Ukra no penalty e a definição precisa de Del Valle no segundo golo são apenas dois exemplos de uma equipa com jogadores de qualidade, que soube acreditar e teve todo o mérito no resultado final.

É de referir que este foi o 47º jogo do Rio Ave, numa época que já vai longa e ainda faltam 10 até final podendo subir para 58 jogos caso chegue à final da Taça de Portugal e será a equipa que mais jogos vai disputar esta época. É um grande registo, que diz bem do bom trabalho que vem sendo realizado por todos este ano em Vila do Conde. A 7 e 29 de Abril têm em aberto a luta pela presença no Jamor. E a Europa continua à espreita...