A semana que passou trouxe de volta às primeiras páginas os nomes de Rúben Neves e William Carvalho. O potencial e o talento que ambos têm e a qualidade e importância que apresentam em jogo justifica, umas notas.

1 – Rúben Neves tem apenas 18 anos mas a idade não se reflecte em campo, tal a personalidade e maturidade que apresenta. Joga como quem tem muitos anos disto e com uma clarividência que faz dele, a meu ver, o número 6 do FC Porto. Bom posicionamento, sempre de cabeça levantada com um jogo rápido e uma certeza no passe seja curto ou longo, são argumentos que fazem dele um médio de grande qualidade.

Pode jogar como a referência do meio campo, liderando os processos defensivo e ofensivo da equipa, como pode jogar com dois naquele lugar, ou na posição 8, como aconteceu contra o Chelsea. Seja a que posição for tem a capacidade para entender o jogo e torná-lo simples, e é isto que mais impressiona face aos seus 18 anos.

Ainda num processo evolutivo, está já a ser um elemento importante e, quanto a mim, pode vir a ser a referência que faltava ao FC Porto.



O futebol actual é feito de rotação de jogadores, sendo poucos os que se mantêm anos a fio. Com isso, a identidade dos clubes vai-se perdendo. O aparecimento de Rúben Neves, vindo da sua formação no ano passado, fez crescer a possibilidade de o FC Porto voltar a ter no seu onze um jogador feito em casa.

A estreia aconteceu no início da época passada, fazendo história com 17 anos. A época fica marcada pelos 37 jogos realizados, com 17 a titular e 20 como suplente utilizado. A meu ver podia ter jogado mais face ao que ia mostrando mas foi, ainda assim, uma época muito boa para quem chegou com 17 anos à equipa principal.

Este início de época vem confirmando o que se espera e tenho de dar-lhe os parabéns pela qualidade evidenciada. Agora, uma de duas questões se coloca: temos Rúben Neves para ser vendido por muitos milhões, neste ano ou no próximo? Ou o FC Porto vai renovar com o miúdo, fazendo dele a bandeira do clube e o líder do seu meio campo para os próximos anos?

Se olharmos para o que tem sido as entradas e saídas no FC Porto, diria que um clube endinheirado pagará para ter a qualidade de Rúben ao seu serviço e por isso a saída será uma realidade. Por outro lado, segurar Rúben Neves, dar-lhe o papel fixo e rodar os outros seria um sinal para os jovens da sua formação, que aspiram, tal como Rúben o fazia, chegar à primeira equipa. Não sendo um objectivo fácil, este exemplo ajuda a perceber que é possível.

Não sei o que vai no pensamento de quem manda mas a aposta na sua permanência seria uma mudança em relação ao que tem sido a gestão dos últimos tempos do FC Porto. A braçadeira que usou no passado domingo, quando Maicon se lesionou, diz bem do plantel que o Porto tem e da quase inexistente identidade na equipa.

Aos 18 anos, ainda cedo, a braçadeira ficou no braço de um jovem que sente o clube e sabe o que é subir todos os patamares até á equipa principal. A manter-se, será provavelmente o futuro capitão do FC Porto. Com a sua presença na Liga dos Campeões e um 2016 com Europeu e Jogos Olimpicos à porta, veremos qual a decisão dos dirigentes portistas.




2 - William Carvalho regressou após nove semanas de paragem. Depois de 21 minutos para aquecer, a 26 de Setembro, já fez 90 minutos a 1 Outubro, na Turquia, e mais 90 domingo, contra o V. Guimarães.

Não há tempo a perder para a sua integração, face à importância que Jesus quer atribuir-lhe na equipa. A posição 6 estava a ser ocupada por Adrien, e com rendimento, mas a presença de William adianta-o no terreno.

A equipa passa a ter um 6 cujo sentido posicional se faz notar e que consegue dar o equilíbrio pretendido entre a linha defensiva e ofensiva. Um apoio importante para quem está atrás mas também uma garantia de segurança para quem joga à sua frente. Manter as peças juntas e organizadas é o seu trabalho.

A equipa ganha um elemento mais forte no jogo aéreo na zona central e nas áreas, aspecto tão importante na ideia de Jesus. Com a bola nos pés é o que sabemos. Personalidade e tranquilidade são a sua imagem de marca: procura ser sempre uma opção para os colegas e entregar com segurança. Mais um jogador que envergou a braçadeira, sinal da confiança e responsabilidade que transmite para quem o dirige.
 
Por último, uma nota para João Pedro. O jovem de 22 anos, formado em Guimarães e a jogar pela equipa B do Vitória, fez os primeiros minutos esta época em Alvalade. Entrou aos 62 minutos, numa altura em que a sua equipa se encontrava com 10 e perdia contra o Sporting por 4-0. Momento complicado para um jovem que entra em jogo.

Gostei do que vi naqueles 28 minutos: o médio não se atemorizou, pediu a bola, bateu as bolas paradas e demonstrou personalidade. A oportunidade pode ter surgido para ele.