Já estamos todos em modo Europeu. Ainda faltam duas semanas, mas o pensamento já está no dia 14 de Junho. Já temos os 23 escolhidos por Fernando Santos e são os nossos agora, por muito que as opções de cada um fosse outra: são estes com quem vamos atacar a fase final em França.

Nós não somos favoritos. A História diz-nos que existem outras selecções mais fortes e que são favoritas à vitória final. Somos uma selecção com qualidade mas não partimos na linha da frente na lista de candidatos.

Por muito que o sonho de todos seja conquistar o título europeu - e é isso que Fernando Santos tem dito - o importante é que os jogadores vejam cada jogo como uma final. E o caminho, como alguém dizia, faz-se caminhando. Não podemos colocar em nós a pressão de sermos campeões europeus. Focados naquilo que podemos e devemos fazer e o pensamento de ser melhor em cada jogo.

Isto tem, na minha opinião, a ver com o realismo e o pragmatismo que é preciso ter nestas competições face à concorrência. Não somos a selecção mais forte, outras podem assumir esse título, mas isso não diminui em nada aquilo que deve ser a nossa ambição e vontade de vencer. Cada jogo é uma final e tem um propósito – vencer.

Este Europeu assume condições únicas, desde logo pela presença de 24 selecções e varias possibilidades de passagem aos oitavos de final. Temos, em teoria, um grupo acessível, mas não quer dizer com isso que haja facilidades. Partir com este pensamento é a morte do artista. Não penso que isto possa acontecer, tanto pela postura e experiência de Fernando Santos como pela experiência de vários dos nossos jogadores.

Já se percebeu pelo discurso de vários de entre eles que a ambição é enorme e a vontade de vencer também. Mas não chega.

Temos de ser consistentes.

Ter espírito de sacrifício.

Ter capacidade para saber sofrer.

Ter capacidade para fazer mossa nos nossos adversários.

Não acredito em facilidades mas sim na forma como tudo é preparado e na capacidade dos nossos jogadores. Vamos chegar lá? Espero que sim, mas não sei, nem essa é uma pergunta de resposta pronta. Depende de muitos factores.

Sei é que o erro paga-se muito caro. Várias experiências foram vividas por alguns destes jogadores e por outras gerações. O jogo obriga a uma atenção constante, seja aos detalhes em cada momento, seja às movimentações do adversário e do nosso companheiro, entre outras. Evitar o erro e provocá-lo no adversário coloca-nos perto da vitória. O pensamento de todos também tem de passar por ai.

Mas a preparação já começou e Fernando Santos tem contado com a maioria dos jogadores. A integração total acontece com a chegada dos espanhóis. Para já, um onze foi apresentado contra a Noruega, no particular de domingo, mas esse não será o onze que vai entrar a 14 de Junho, no primeiro jogo do Europeu. O debate vai prosseguir até sabermos qual será o onze contra a Islândia.

No programa Maisfutebol, na TVI24, fizemos todos um exercício sobre qual seria o onze a apresentar no primeiro jogo do Europeu. Não houve acordo: todos apresentamos onzes diferentes. O meu é assim:

Rui Patrício

Vieirinha, Pepe, Ricardo Carvalho, Raphael Guerreiro

João Mário, Moutinho, Danilo, André Gomes

Nani, Ronaldo

Poderei mudar um ou outro jogador nesta minha escolha e isso vai depender da resposta dos jogadores nestes jogos particulares. É apenas o meu exercício, a opinião que realmente importa é a do seleccionador. É ele quem toma as decisões.

Acredito que na sua cabeça ainda existam algumas dúvidas, que serão desfeitas no final do jogo com a Estónia, ou bem perto do jogo com a Islândia.

Não me parece que Fernando Santos tenha dúvidas, no ataque e na baliza. Nani e Ronaldo são os homens da frente, com total liberdade. Mobilidade e capacidade para desequilibrar é o que se pretende deles. Na baliza, Rui Patrício é o eleito.

As dúvidas surgem nos outros sectores. Na defesa, penso que apenas Pepe está seguro.

Falta o companheiro para a dupla e a luta nas laterais promete.

No meio campo penso haver duas dúvidas. Quem será o companheiro de Moutinho na zona central? A outra tem a ver com quem vai jogar sobre a esquerda, porque me parece que João Mário está garantido na direita.

Wembley já na proxima quinta-feira, e a despedida na Luz, a 8 de Junho, contra a Estónia, serão momentos decisivos para as escolhas de Fernando Santos. O seleccionador espera melhorias nestes jogos, o que é normal, para nos podermos apresentar na melhor condição contra a Islândia. Veremos quais serão as opções finais.

Façam-se as escolhas e, jogue quem jogar, temos capacidade individual e colectiva para passar a fase de grupos. Essa é a meu ver, para já, a nossa obrigação. O resto, jogo a jogo…