José Sá esteve muito bem no empate dos sub-21 com a Itália e deu a segurança que a equipa precisa. Mais solicitado do que devia - e Rui Jorge referiu isso após o primeiro jogo - voltou a corresponder em pleno. Não foi o escolhido pela UEFA mas foi, quanto a mim, o man of the match.

Pela segurança e a confiança que transmite, pela concentração que evidencia mais as intervenções que tem feito, acredito que deixe de estar na próxima época no Marítimo B.

Comecei pelo destaque individual porque é totalmente merecido e também porque foi um sinal de que nem tudo foi como se desejava.

José Sá foi chamado a intervir mais vezes, por mérito da Itália, que entrou forte e pressionante, e respondeu presente com muita qualidade.

Não foi fácil o jogo, como não o é nenhum que se realize neste Europeu porque as equipas são fortes, com qualidade. E isto só é surpresa para quem não as conhecia.

Rui Jorge conhecia-as e ainda antes do Europeu alertou para esse facto: o nosso grupo é forte, as equipas têm capacidade e apesar de Portugal estar na primeira posição, com mérito, vamos para a última jornada sem saber quem passa às meias finais, o que diz bem da qualidade e equilíbrio existentes.

Acredito que serão Portugal e Inglaterra a passarem às meias-finais.



Mas voltando ao nosso segundo jogo, já se sabia que, apesar da derrota contra a Suécia na estreia, a Itália não tinha perdido o seu valor e isso foi confirmado no confronto connosco.

A selecção italiana revelou qualidade e criou dificuldades, principalmente na primeira parte, aos portugueses.

A entrada forte e determinada dos italianos que logo na saída de bola culminou com um remate aos 10 segundos, para defesa difícil de Sá, dizia bem para o que vinham.

A pressão italiana dificultou o nosso jogo, os nossos passes errados e as perdas de bolas permitiram as transições rápidas e algumas oportunidades. Berardi, italiano da Juventus foi quem mais se destacou nesta altura, pelas dificuldades que criou ao nosso lado esquerdo.

Não foi fácil, mas terminamos a primeira parte a controlar e a equilibrar o jogo. Tal como no jogo com a Inglaterra, o público marcou novamente presença e o estádio voltou a estar praticamente cheio.

Vi o primeiro jogo no local e constatei o bom ambiente e a festa que lá se viveram. No domingo, pela TV, deu para perceber o mesmo entusiasmo. É o que se pretende neste torneios: que os estádios estejam cheios, ou perto da lotação máxima, porque jogar assim é fantástico.



A segunda parte começou como na primeira, com a Itália a entrar forte e, após cruzamento ainda no primeiro minuto, a enviar a bola à trave.

Mas foi apenas isso: Portugal equilibrou e controlou o jogo e para isso contribuiu, a meu ver, a alteração efectuada. Com a saída de Rafa e a entrada de Gonçalo Paciência, passámos a ter uma referência posicional na frente de ataque. Ao mesmo tempo, Mané e Bernardo foram para as alas e com isso reforçamos o meio campo.

Ficamos mais equilibrados e consistentes e foi essa ideia, acredito, que esteve na base da decisão do Rui Jorge. Melhorámos e William e Sérgio Oliveira foram importantes nesta fase do jogo.

Uma nota para o nosso capitão, que passou para uma zona mais central apoiando William e assumindo um papel de ligação entre sectores.

Sérgio Oliveira trabalha muito para a equipa e por vezes não se dá por ele mas faz tudo com intenção e normalmente com acerto e é um jogador importante na manobra colectiva. Defende e ataca, e a equipa ganha com isso.

Se a ele juntarmos os nomes que têm sido utilizados, vemos a nossa qualidade e até onde podemos ir.



Outro dos aspectos importantes num Europeu disputado em 14 dias é a questão da condição física. Mas também uma atenção a todos os pormenores: tirar João Mário e Bernardo perto do fim permite algum descanso e dá a outros tempo de jogo. Rui Jorge não correu o risco de um segundo amarelo a estes jogadores, que os impossibilitava de jogar contra a Suécia.

Quem está no banco tem de estar atento a tudo o que o rodeia para tomar as melhores decisões.

Com jogos de três em três dias, recuperar é a palavra de ordem e o objectivo dos treinadores para a sua equipa.

O resto do tempo é para se perceber o que se fez de bem e o que correu menos bem, para não voltar a acontecer e afinar estratégias. Corrigir, conversar, manter a equipa focada e concentrada no jogo e na prova.

Esta é uma competição tão curta que não há espaço para mais nada a não ser direccionar todas as energias para cada jogo e para os objectivos definidos.

Portugal continua a depender apenas de si e o jogo contra a Suécia será com certeza difícil. Importa manter a mesma concentração, a mesma ambição e o mesmo comportamento colectivo. Se isso acontecer, acredito que o primeiro objectivo será conseguido.

Força Portugal!