Ausente nos Estados Unidos não tive oportunidade de ver o clássico. Mas vi, no passado sábado, um New York City FC-San Jose Earthquakes a contar para a Liga americana.

Os dois jogos são incomparáveis, nas mais diversas vertentes. Mas sinto que vale a pena partilhar algumas notas sobre este jogo da MLS. Para começar, o jogo realizou-se no novo Yankee Stadium, inaugurado em 2009, que se situa no Bronx. É a casa dos New York Yankees, mas também agora o local dos jogos em casa do NYCFC. Um estádio grande, moderno e com todas as condições para atletas e adeptos. E como neste campo joga uma das melhores equipas da Liga de basebol, a partilha do estádio obriga a alterações constantes.




Quando entrei, foi essa a primeira coisa que notei: o relvado estava preparado para um jogo de futebol mas havia relvado a mais numa das laterais do campo, próprio das dimensões necessárias para um campo de basebol. Um pormenor sem importância para o futebol jogado, mas que modifica o efeito visual de quem entra e vê.

Depois, as equipas entraram no relvado, perfilaram-se e seguiu-se o hino americano, cantado ao vivo, como é tradição antes do início de cada jogo. Sempre um momento forte, de grande sentimento e orgulho americano.

O futebol nos EUA está a crescer e a atrair grandes jogadores europeus já a caminho do final das carreiras. É o caso de Gerrard, no LA Galaxy e, neste NYCFC, de David Villa, Frank Lampard e Pirlo. São estrelas que dão nome à equipa e ao futebol praticado na Liga Americana. Pude confirmá-lo na chegada ao estádio: os adeptos vestiam camisolas, principalmente de Villa e Pirlo.



Villa é o capitão e o homem-golo do NYCFC. Voltou a mostrá-lo neste jogo, com um cabeceamento cheio de intencionalidade e um golo de belo efeito. Lampard jogou por trás de Villa e fez a ligação com o meio-campo. Com menos preocupação defensiva, sempre na procura de criatividade ou a tentar finalizar.

Depois, há Pirlo, que é quem pensa o jogo da equipa e gere o seu ritmo. É o homem das bolas paradas, sejam livres ou cantos. Nestas alturas, cresce o apoio que vem das bancadas. Pirlo aproxima se da bandeirola de canto e o entusiasmo dos adeptos faz se sentir, vincando o estatuto de uma das estrelas da companhia.

Sem surpresa, os três fazem fazem uso da sua experiência e da qualidade que têm para facilmente se destacarem dos demais. O jogo em si não teve grande qualidade. Uma primeira parte sem golos, com futebol lento e previsível e com espaço para pensar e executar. A pouca intensidade colocada na maioria das acções também não ajudava ao ritmo.

A segunda parte trouxe golos e emoção. Os três golos do NYCFC faziam pensar que o jogo estava decidido. Puro engano: o San Jose reduziu para 3-2 e manteve a incerteza até final. Teve oportunidades suficientes para chegar ao empate, mas não o conseguiu.

Fica a nota de uma segunda parte com muitas transições, muito espaço e pouca organização das duas equipas. O jogo terminou com Pirlo quase a fazer golo num canto direto. O poste mais distante não deixou mas o público vibrou com a execução do italiano. Aliás, o entusiasmo não vinha só dos adeptos: durante o jogo também a banda que esteve presente, tocava de vez em quando.

No final, os jogadores do NYCFC despediram se dos 28231 adeptos presentes, todos eles enviando bolas para a bancada. Mal a saída dos jogadores e dos elementos ligados ao jogo acabou, acto contínuo começou a transformação no relvado. Homens e máquinas lá para dentro, partes do relvado removidas, balizas retiradas deixando o campo preparado para o basebol. Vêm aí os New York Yankees, o futebol abre alas. E assim foi um jogo da MLS visto por dentro.