O dérbi de sábado ditou um novo lider na nossa Liga. Não tive oportunidade de ver o jogo em direto mas no domingo de manhã acabei por ver todas as incidências deste clássico. O Sporting foi melhor principalmente na segunda parte e teve situações para marcar.

O Benfica entrou bem e na oportunidade que teve marcou. Mitroglou voltou a marcar. A partir daqui a gestão do resultado foi evidente e o Sporting assumiu as despesas do jogo, como era sua obrigação.

O Benfica fechou os caminhos da sua baliza e quando isso não aconteceu, a trave estava lá. Ederson respondeu bem perante um lance bem pensado por Bryan Ruiz e o próprio costarriquenho falhou por duas vezes em frente à baliza, motivando o desespero dos adeptos sportinguistas e o alívio por parte dos benfiquistas.

A eficácia do Benfica perante a ineficácia do Sporting fizeram a diferença neste jogo.

O falhanço de Bryan Ruiz

Do jogo, muito se falou como foi possível aquele falhanço de Bryan Ruiz

Acontece aos melhores e por vezes é quase incompreensível perceber como acontece algo como aquilo. Foi o toque quase imperceptível de Ederson o suficiente para alterar a trajectória da bola e a forma como Bryan ia encostar? Ou foi a rapidez do passe e o toque na relva antes de chegar ao contacto com o pé, - que acabou por ser feito com o tornozelo - a fazer subir a bola?

Parece fácil olhando de uma forma simples para o lance, mas a verdade é que quem andou no relvado provavelmente viveu situações iguais ou parecidas e percebe o que se passou. Quem não andou, é só fazer um esforço para entender.

Estes lances não retiram em nada ao que foi o rendimento do costarriquenho, quanto a mim dos melhores. Sempre em jogo, com boa movimentação, na procura da bola e a jogar com intenção e objectividade.

Mas, para mim, William foi o melhor. Bom posicionamento e preocupação evidente com Jonas, não dando espaço para que pudesse brilhar. Foi sempre o equilíbrio da equipa e o primeiro a dar início ao processo ofensivo.

Recuperou bolas, esteve bem no passe e na forma como, principalmente na segunda parte, empurrou a equipa para a frente na busca de outro resultado.

Do lado do Benfica, sem exibições de encher o olho, Ederson. Lindelöf e Renato merecem umas notas. A estreia do jovem guarda-redes brasileiro, inesperada, foi em cheio. Não foi chamado a muitas intervenções mas o que fez, fez bem e demonstrou segurança e tranquilidade, aspectos importantes em qualquer guarda-redes.

À sua frente jogou Lindelöf e o lugar parece-me dele, tal é a confiança e segurança com que joga. Esteve bem e sem falhas e vai ser difícil sair do onze.

Por ultimo, Renato Sanches fez apenas o segundo clássico da sua curtíssima carreira mas, mais uma vez, bem.

Era o único que, com a bola nos pés, fazia subir e acelerava a equipa e ir para outros caminhos. Sendo jovem, é muito importante no posicionamento e na dinâmica que dá à equipa.

Por último: ao fim do quarto dérbi Rui Vitória venceu Jesus e, apesar de nada ter ficado decidido, está na frente. Foi uma das figuras da noite. Jogo terminado e novo líder.

E agora?

O que podemos retirar desta jornada é que se já existia confiança na equipa do Benfica ela saiu reforçada com a vitória e o assumir da liderança. Para já com o pensamento no Zenit e na passagem aos quartos de final da Champions, a Luz vai provavelmente encher na segunda-feira contra o Tondela. A permanência na prova maior pode condicionar a competição interna?

Não acredito - e pelo meio falta disputar a Taça da Liga.

Do lado do Sporting não se esperava a derrota - importa reagir já. Vencer no Estoril e manter a pressão sobre o líder é obrigatório. O foco só está nesta competição e não há margem de erro.

A derrota do FC Porto em Braga mostrou as suas fragilidades: é uma equipa em dificuldades. Apesar dos seis e quatro pontos que o separam das equipas da frente, ou reage imediatamente ou não se afigura fácil o caminho até final.

A recepção ao U Madeira obriga a uma resposta forte: não se pode pensar nos últimos três jogos em casa e a Taça de Portugal só chega a 22 de Maio.

Esta Liga não está decidida, como aliás foi referido pelos treinadores. Faltam nove jogos e acredito que as equipas da frente vão perder alguns dos 27 pontos em discussão.

Olhando para o que aí vem, o calendário do Benfica parece mais acessível do que os de Sporting e Porto, que ainda vão defrontar-se.

A realidade pode dizer outra coisa tal é a forma como todas as equipas têm perdido pontos por vezes inesperadamente, nesta Liga.

Se olharmos para os numeros das equipas entre o que foi feito na primeira volta e nestes sete jogos da segunda volta podemos constatar o seguinte:

O Benfica que agora lidera, perdeu 11 pontos na primeira volta e para já apenas três. Em média marcou ligeiramente menos (2,65/2,62) e sofreu mais (0,65/0,75).

O sporting já perdeu mais pontos (9) em oito jogos do que em 17 jogos da primeira volta (7). Em média marcou menos (2,05/1,75) e sofreu mais (0,53/0,75).

O Porto perdeu 11 pontos em 17 jogos na primeira e até ao momento perdeu 9 em 8 jogos. Em média marca menos (2,11/1,62) e sofre ligeiramente mais do dobro. São apenas números mas que ajudam a perceber o comportamento das equipas até ao momento. Vamos ter emoção e competitividade até final.