Depois da primeira jornada europeia com alguns dos nossos clubes, eis o regresso à nossa Liga. E ela continua a surpreender, com resultados inesperados, dificuldades não esperadas e oportunidades que surgem. Os grandes tiveram respostas diferentes.

O
Benfica venceu, mas teve de sofrer. Samaris saiu antes do intervalo, a reviravolta chegou apenas quando estavam em superioridade numérica. Começou com um grande golo de Eliseu aos 69 minutos. No meio das dificuldades, Lima marcou e importante era vencer como referiu Jesus. São nesta altura líderes isolados.

O Sporting reagiu da melhor forma ao empate em Maribor e goleou o Gil Vicente em Barcelos. Três notas importantes.

Vitória e exibição seguras que moralizam para o clássico de sexta feira.

Manutenção da titularidade de Maurício e Sarr, contra muitas vozes que se levantaram. Não é apenas um erro que dita o afastamento. Será o rendimento individual e enquanto dupla que fará Marco Silva mexer. Esteve bem na decisão.

A oportunidade dada a João Mário foi aproveitada pelo jovem jogador que marcou a titularidade com um jogo de qualidade e assistências pelo meio.

No Dragão, o tempo não foi amigo e a mudança de jogadores no onze, habitual em Lopetegui, não surtiu efeitos desta vez.

Com dez jogadores desde os 25 minutos, nem assim deixou de ser superior ao adversário e a prova são os 82 por cento de posse de bola e os 18 remates a mais do que o Boavista.

Números expressivos que deviam ter dado os três pontos mas que resultaram em apenas um. Numa prova longa todos são importantes. Veremos onde irão recuperá-los.

A deslocação a Alvalade traz a estreia de Ruben Neves em jogos desta grandeza. O comportamento tem sido excelente e este jogo não vai colocá-lo à prova mas sim ser mais um (exigente) no processo de crescimento acelerado que tem tido.

A única equipa sem pontos conseguiu os primeiros pontos e a sua primeira vitória na Liga. O Penafiel, agora com Rui Quinta a treinador, conseguiu vencer e a alegria voltou. Bom alento para o futuro.

O futebol tem tudo isto e ainda paixão, emoção e situações por vezes difíceis de explicar.

Lampard ficou sem palavras no final do jogo, depois de marcar ao seu Chelsea.
Como? Sim é verdade. Parece estranho mas Lampard já não é jogador do Chelsea. Vai jogar seis meses Manchester City e em Janeiro alinhará, e em princípio terminará a carreira, na Liga americana e jogar numa cidade fantástica como é Nova Iorque. Para ele, que durante 13 épocas viveu em Stanford Bridge, não foi fácil alinhar contra o clube do seu coração. No jogo de domingo entrou aos 78 e marcou passados sete minutos. Foi super profissional, disse Mourinho no final, mas que a história de amor com os blues tinha terminado. Percebo o que quis dizer, mas ela vai manter-se para sempre. Prova disso? O tributo dado no final pelos adeptos do Chelsea. Extraordinário. O clube e os adeptos sabem reconhecer os seus e Lampard será sempre um deles, apesar de não equipar com o símbolo do Chelsea.

E o que dizer do festejo de Alessandro Florenzi da Roma no jogo contra o Cagliari? Corria o minuto 13 quando o jovem médio marcou o golo e, acto contínuo, saiu disparado do campo, subiu a bancada e só parou quando abraçou a avó. Sem dúvida um grande momento de carinho e de amor entre uma avó e um neto.

Depois vemos a imagem da senhora a chorar, a ser acarinhada por todos os que a rodeavam, a completar o quadro. Claro que Florenzi levou amarelo. Mas não interessa nada. Momentos como este são únicos e imagino a felicidade de um e de outro.

Para terminar, uma situação que não se passou este fim de semana, reporta ao início desta época.  Rickie Lambert de 32 anos foi contratado pelo Liverpool, que pagou cerca de seis milhões de euros ao anterior clube, o Southampton. Uma situação normal de compra e venda de jogador, não fosse o caso de Lambert ser um fã incondicional do Liverpool. Jogou nos escalões de formação entre os 10 e 15 anos e regressou aos 32. Pelo meio vários clubes mas a paixão pelo clube da cidade dos Beatles sempre se manteve e as palavras dele na altura da assinatura revelam todo o sentimento vivido.

«Quando saí (aos 15 anos) pensei que era o fim do mundo. Mas posso dizer agora às pessoas na mesma situação que não é o fim do mundo e que nos deve levar a trabalhar ainda mais para ter sucesso». Não tenho dúvidas de que sendo o profissional que é vai dar ainda mais, se isso for possível, pelo clube do seu coração. Ainda não marcou ao serviço dos Reds mas estou curioso para ver esse momento.

P.S. Sexta-feira temos clássico. Sporting e FC Porto encontram-se em Alvalade antes da segunda jornada europeia. Será um jogo em que cada uma das equipas vai querer estar ao melhor nível. Fazer sobressair as suas melhores qualidades e procurar defender as zonas ou momentos em que revela mais fragilidade. Este jogo, sempre em função do que se quer e do que vai ter do adversário, torna a partida dinâmica e interessante de seguir.

Vamos ter muitos duelos.

No meio campo, como é evidente, está o coração das equipas. Será bom seguir o comportamento de cada um dos trios. Como será o confronto de Ruben Neves e João Mário? E dos avançados? Quem ganha? Veremos se Slimani e Jackson levam a melhor sobre os centrais. Teremos um Danilo mais cauteloso ofensivamente perante a qualidade de Nani? Acredito que sim.

E Alex Sandro? Terá Carrilo que se preocupar com ele ou pelo contrário vai obrigar o brasileiro a trabalhos redobrados? Os alas do Porto, que acredito possam ser Brahimi e Tello, vão com certeza colocar em sentido Jefferson e Cedric. Tudo situações para seguir, além de outras que surgirão num jogo que espero bem disputado e de casa cheia.