Edson Arantes do Nascimento nasceu em Três Corações, Minas Gerais. Foi baptizado como Edison, o inventor da lâmpada. No seu registo, para além do «i» que não gosta de ver, vislumbra-se a data errada de nascimento. Pelé, ainda sem o ser, nasceu a 23 de Outubro de 1940, não a 21. Viria a ser o Rei do futebol. A história de Pelé no Maisfutebol, no dia do seu 70º aniversário.

A história do menino Edson dispersa-se por três espaços, um para cada coração da cidade natal. Pelé passou os primeiros cinco anos em Minas Gerais, antes da mudança para Bauru. O seu pai, Dondinho, também jogava futebol e recebeu um convite que viria a mudar toda a vida da família.

Em 1945, Dondinho foi contactado pelo Lusitana FC, que lhe oferecia um lugar na equipa e um emprego em Bauru. Quando chegou à localidade, a família de Pelé percebeu que o clube mudara de direcção e nome.

Edson, Dico, Bilé e Pelé

Edson, então conhecido na família como Dico, jogava futebol a cada oportunidade. Descalço, com bolas que já foram meias, fugindo da escola ou da rigidez da mãe, que percebera as incertezas inerentes à carreira de jogador.

Em pequeno, Pelé ia para a baliza e gritava Bilé, Bilé, então guarda-redes do Vasco de São Lourenço, equipa onde jogara seu pai, em Minas Gerais. Os amigos perceberam mal, ouviam Bilé e entendiam Pelé, ele não gostava nada mas colou. Nascia o fenómeno.

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O Rei foi à escola, sem convencer. Quis ser aviador, até ver um piloto morto. Ajudou o pai como podia, quando este finalmente arranjou trabalho. Ajudava ainda o tio, que vivia com eles e foi trabalhar para a Casa Lusitana. Fazia entregas enquanto tentava encontrar clientes com a sua caixa de engraxador.

O futebol, esse, não o largava. Ou o contrário, aliás. Pelé só pensava no jogo, embora alinhasse noutras aventuras. Certo dia, foi com o colega Zinho para o meio do rio e quase morreu afogado. Valeu um anónimo carroceiro, que passava no local e salvou o futuro Rei.

Sonâmbulo a marcar

Pelé começou a jogar por todo o lado, sempre e quando soasse um apito. Vestiu inúmeras camisolas na região, mas notabilizou-se no Bauru Atlético Clube. Fez o primeiro jogo oficial em 1953, então com 13 anos.

Com o tempo, abafou ainda outra faceta: a de sonâmbulo. Os pais recordam episódios assustadores, companheiros relatam noites em que Pelé saía da cama para vaguear pela casa, sem se lembrar de nada na manhã seguinte. O Rei chegava a gritar Golo!, enquanto dormia.

O resto, é história do futebol. Pelé transformou-se num fenómeno planetário, saiu de Bauru para jogar no Santos com 15 anos e venceu tudo. Marcou 1284 golos em 1375 jogos. Foi tricampeão mundial pelo Brasil, bicampeão intercontinental pelo Santos. Isto e muito mais. Parabéns!