Em regra geral os futebolistas profissionais terminam a carreira por volta dos 35 anos, mais coisa menos coisa. Pepa acabou aos 26. Uma lesão grave no joelho esquerdo e quatro operações ditaram um adeus precoce aos relvados daquele que outrora foi visto como uma promessa do Benfica. Em entrevista ao Maisfutebol o ex-jogador fez uma retrospectiva da carreira e falou com natural tristeza da lesão que o obrigou a deixar de fazer aquilo que mais gostava.
Não é de estranhar quando Pepa diz que o adeus aos relvados foi «uma frustração muito grande». O que se estranha é o facto de este jovem encarar os azares que sofreu com naturalidade. Não pensa no que perdeu, porque aprendeu que há coisa bem mais importantes a preservar. «Já nem penso em voltar a jogar. Só queria não ter dores quando pego nas minhas filhas. Para ficar melhor só mesmo com outra operação, e só me meto nisso se tiver certeza que vou melhorar», desejou.
«Na prática deixei de jogar aos 25 anos», lembra Pepa, que no dia 14 de Dezembro fez 27 anos. É que o avançado pouco jogou com a camisola do Olhanense, o seu último clube. As duas épocas de ligação ao clube algarvio ficaram marcadas pela lesão no joelho, contraída num jogo em Chaves. Em campo poucas vezes esteve, mas ainda assim não esquece o apoio que recebeu...até ao dia em que o contrato acabou. «Parece que deixei de existir. Não pedia caridade, apenas um telefonema de vez em quando, para saberem como estou», defende o ex-jogador.
Pepa foi obrigado a pendurar as chuteiras quando ainda tinha alguns anos de carreira pela frente. Com passagens pelo Lierse, Varzim, Paços de Ferreira e Olhanense, o jogador acredita que «tinha ainda muito para dar». «Há poucos pontas de lança em Portugal, nomeadamente com as minhas características, alguém que joga fixo na área. Não digo que voltasse a um grande, mas ainda podia jogar numa equipa de meio da tabela», defende.
Conflito com o médico em tribunal
A passagem de Pepa pelo Olhanense ficou ainda marcada por um conflito com Emanuel Reis, chefe do departamento médico do clube, que chegou mesmo a acusar o jogador de agressão. Este caso não conheceu outros desenvolvimentos, mas um outro está em tribunal. Antes deste episódio num bar de Faro o responsável clínico, em declarações à comunicação social, colocou dúvidas em relação à possibilidade de o avançado regressar aos relvados. O antigo avançado não contesta o conteúdo do depoimento, mas sim a quebra do sigilo profissional.
«Ele nunca me operou, nem sequer nunca viu o meu joelho», afirma Pepa, que nega também qualquer gesto violento no reencontro posterior: «Estávamos a fazer o jantar de final de época num bar e quando ia a sair vi o médico e fui ter com ele, até porque ainda não o tinha visto depois das declarações. Como estava barulho dirigi-me a ele, pus a mão no pescoço e aproximei-o de mim para lhe falar ao ouvido.»