O futebol é cada vez mais decidido em pequenos movimentos. Treinados, previstos e muitas vezes só detectáveis pelo olho especilizado de quem joga e dirige.

Em outros tempos, o guarda-redes de uma equipa pequena já sabia que ao visitar um «grande» estava destinado a uma tarde de intenso trabalho. Poderia encaixar um, cinco ou oito golos, provavelmente acabaria por ser o melhor da sua equipa. E talvez o melhor em campo.

Claro que hoje em dia continuamos a ter grandes exibições, jogadores que aparentam resolver sozinhos os jogos. Mas são cada vez menos.

Hoje, as «grandes exibições» são muitas vezes «apenas» a soma de dezenas de boas acções, muitas delas preventivas. Sobretudo em defesas e médios. A forma como ocupam o espaço, o tempo em que decidem subir no relvado, as compensações que fazem, os passes correctos, o risco. O futebol é um conjunto de micro decisões, quase todas sem bola. Querem um exemplo? João Moutinho, verdadeiro deus das pequenas coisas.

Na Bósnia, o jogador do F.C. Porto assinou talvez a melhor exibição da época. Mas não fez nada exuberante. «Limitou-se» a estar nos sítios certos, no tempo exacto.

Por contraste, Pepe fez um jogo à moda antiga. O central foi exuberante, preencheu aquela zona e deu confiança. Saltou, encostou Dzeko, fez cortes arriscados, sublinhou tudo isto com bons passes. A meio do jogo, e face à demonstração de classe de Pepe, parecia possível que Portugal retirasse um defesa e colocasse mais um avançado. Era tudo de Pepe, naquele dia estava escrito que Portugal não sofreria golos.

Foi brilhante.