Final europeia, campeonato e taça nacional entregues num par de semanas. O Benfica vive um pesadelo inusitado, Jorge Jesus passou de herói a figura sem consenso, entrou no mês de maio a vencer o Fenerbahce e termina o mês sem nada de nada.

A 2 de maio, o apuramento para a final da Liga de Europa. No dia 6, o sinal de alerta com o empate frente ao Estoril. Cinco dias mais tarde, o F.C. Porto vence o clássico e passa para a liderança do campeonato nacional, a uma jornada do final da competição.

O pesadelo foi ganhando forma. No dia 15 de maio, o Benfica perde a primeira final. Derrota em Amesterdão (2-1) frente ao Chelsea. Segue-se um triunfo de que nada vale na receção ao Moreirense, com o F.C. Porto a confirmar a conquista do título em Paços de Ferreira.

Em apenas onze dias, entre dia 15 e dia 26, perdeu-se tudo. Neste domingo, na final da Taça de Portugal, novo desaire por 2-1, uma reviravolta como acontecera no Estádio do Dragão, o Vitória de Guimarães a confirmar o ano horrível de Jorge Jesus.

O Benfica aderiu desta forma a uma moda alemã, seguindo os exemplos de Bayer Leverkusen e Bayern Munique. Em ambos os casos, os treinadores mantiveram os cargos na época seguinte mas perderam margem de manobra. E Jorge Jesus?

Os mesmos onzes dias no Bayer Leverkusen

O Bayer Lekerkusen fez história na época 2001/12. Chegou a maio na liderança do campeonato, na final da Taça de Alemanha, com o apuramento garantido para a final da Liga dos Campeões. Um sonho? Longe disso.

Em onze dias, tantos como o Benfica, perdeu tudo. À 31ª jornada da Bundesliga, a equipa orientada por Klaus Toppmoller tinha cinco pontos de vantagem sobre o Borussia Dortmund. Cinco pontos para gerir em três jogos. Não bastou.

Uma formação com nomes como Ballack ou Zé Roberto, reforços do Bayern Munique na época seguinte, foi desperdiçando a vantagem no campeonato e passou para o segundo lugar na penúltima jornada. Sobrava uma réstia de esperança.

Veio então o pesadelo: a 4 de maio, o Bayer vence mas o Borrusia faz o mesmo e garante a conquista do título; no dia 12, o Schalke04 vence a final da Taça da Alemanha (4-2); no dia 15, a equipa de Leverkusen cai na final da Liga dos Campeões perante o Real Madrid (1-2).

Klaus Toppmoller, considerado ainda assim o treinador do ano na Alemanha, manteve o cargo. Seria desperdido meses mais tarde, em fevereiro de 2003.

Robben regressou do inferno e tocou o céu

O Bayern Munique apresentou o exemplo mais recente e, provalmente menos penoso. Menos penoso porque a equipa de Jupp Heynckes regressou ao topo na presente temporada, depois de um final de 2011/12 para esquecer.

Nessa temporada, de qualquer forma, o sofrimento do Bayern no campeonato foi menos prolongado. Passou grande parte da segunda volta atrás do Borussia Dortmund e, a quatro jornadas do final, percebeu que o título estava para lá do horizonte.

A 11 de abril de 2012, Robert Lewandowski deu a vitória à formação de Dortmund, ao minuto 77. Arjen Robben desperdiçou um castigo máximo pouco depois, deixando o líder com uma vantagem de seis pontos. Terminaria com oito.

O pior estava reservado para maio, ainda assim. Numa semana, o Bayern foi goleado pelo Borussia Dortmund na final da Taça da Alemanha (5-2) e perdeu a final da Liga dos Campeões frente ao Chelsea, nos castigos máximos. Antes, novo penalty para Robben bater, durante o prolongamento. Mais uma vez, oportunidade desperdiçada pelo holandês.

A equipa voltaria ao céu na presente temporada. Jupp Heynckes manteve-se no cargo, embora a prazo, e levou o Bayern à conquista da Supertaça alemã, do campeonato e da Liga dos Campeões. Foi a redenção de Robben, com o homem de cristal a marcar o golo decisivo. A 1 de junho, a equipa disputa a final da Taça da Alemanha frente ao Estugarda.