A saída de Paulo Autuori do Vasco da Gama foi a notícia desta terça-feira no futebol brasileiro.

O técnico brasileiro, bem conhecido dos portugueses pelas

passagens por Benfica, Nacional, Marítimo e V. Guimarães, voltou a mostrar coerência, uma das características que o têm acompanhado numa carreira de quase 40 anos como treinador.

Visivelmente agastado com o momento que se vive no Vasco da Gama, Autuori deu seguimento às críticas que tinha feito à falta de palavra de direcção do cruzmaltino e bateu com a porta, apesar das tentativas dos dirigentes do Vasco, sobretudo de Ricardo Gomes, de evitar o cenário da rutura.

Paulo Autuori tem-se distinguido como um treinador diferente.

Por onde passou (Brasil, Portugal, Peru, Catar), deixou sempre uma imagem de frontalidade, valores, por vezes com uma forma incómoda de levantar os problemas, mas mantendo sempre a serenidade.

Num futebol brasileiro ainda muito marcado pelas decisões a quente e por uma certa falta de planeamento, Paulo Autuori tem conseguido marcar a diferença.

Não por acaso, será, neste momento, um dos treinadores mais cotados no mercado dos clubes brasileiros.

Os «media» brasileiros apontam-no como a hipótese mais forte para suceder a Ney Franco no comando técnico do São Paulo. A escolha ainda não está oficializada, mas tudo indica que Autuori será mesmo a primeira opção dos dirigentes do Tricolor do Morumbi.

Mais uma vez, não é motivo para surpresa: foi no São Paulo que Autuori viveu os momentos mais altos da sua carreira, ao conquistar o Mundial de Clubes e a Libertadores da América, em 2005, poucos meses depois de pegar num São Paulo em grande conturbação, após o despedimento de Emerson Leão.

Um amigo

Parece uma definição simples, mas dificilmente encontraremos maior elogio, se este vier de jogadores em relação ao seu treinador. Quando passou por Portugal, era isso que mais se ouvia dos futebolistas orientados por Autuori: «O Paulo é um amigo».

Era assim no Marítimo, era assim no Nacional, era certamente assim no V. Guimarães (onde deixou muitas saudades) e até terá sido assim no Benfica, apesar de Autuori ter apanhado uma das piores fases desportivos do clube da Luz.

Um sonho? Ser presidente da CBF!

Cerebral, organizado, metódico, Autuori destoa da imagem dominante do treinador brasileiro. Em entrevista dada no início de 2013 à Globo, pouco antes de assumir o comando do Vasco, o treinador tecia duras críticas à falta de profissionalismo que continua a existir na estrutura de muitos clubes brasileiros e até da CBF. E não escondeu um sonho de carreira: «Gostaria um dia de ser presidente da CBF».

Por enquanto, a sua realidade é o banco. Os próximos dias (ou, quem sabe, até as próximas horas) poderão confirmar o seu regresso ao Morumbi. Será, certamente, recebido de braços abertos pela torcida do «Tricolor Paulista».

No São Paulo ou noutra paragem, no banco ou no gabinete, o futuro do futebol brasileiro passará, certamente, por Paulo Autuori.

Paulo Autuori de Mello

Data de nascimento: 25 de agosto de 195

Naturalidade: Rio de Janeiro

Principais títulos: Mundial de Clubes (2005, pelo São Paulo); duas Libertadores (1997 pelo Cruzeiro, 2005 pelo São Paulo); uma Supertaça Sul-Americana (1998, pelo Cruzeiro); dois títulos peruanos (2001, 2002); um título brasileiro (1995)

Percurso como treinador:

Portuguesa (1975-78)

América (79-81)

São Bento (82-84)

Marília (1985)

Bonsucesso (1985)

V. Guimarães (86/87, 89/91 e 2000/01)

Marítimo (1990/95)

Botafogo (1995 e 2001)

Benfica (1996/97)

Cruzeiro (1997/98, 2000 e 2007)

Flamengo (1998)

Inter de Porto Alegre (1999)

Santos (2000)

Alianza Lima (Peru, 2001)

Sp. Cristal (Peru, 2002)

Seleção do Peru (2003/2005)

São Paulo (2005)

Kashima Antlers (Japão, 2006)

Al Rayann (Catar, 2007/09 e 2010)

Grêmio (2009)

Catar (seleção olímpico, 2009/2011)

Catar (Seleção, 2011/12)

Vasco da Gama (2013)