Vermelho e verde. Mais do que as cores de Benfica e Sporting, são as cores da bandeira nacional. Simão vestiu-as por 158 vezes, ao longo de quinze anos. As duas cores juntas, no uniforme que o extremo estreou no dia 25 de Fevereiro de 1995, quando era apenas um miúdo de quinze anos à procura de todos os sonhos.

OFICIAL: Simão diz adeus à Selecção

25 de Fevereiro de 1995. A data torna-se mais relevante hoje, quando Simão anuncia o adeus à Selecção. Desde então percorreu todos os escalões da equipa nacional, marcou golos e juntou recordes. Tornou-se, por exemplo, o atleta português com mais jogos em fases finais de Mundiais: onze.

A eliminação na África do Sul, num jogo de má memória para Portugal, serviu para Simão ultrapassar Figo (que jogou dez vezes em Mundiais) e serviu também para estabelecer-se como o quinto mais internacional de sempre pela selecção principal: só Figo, Fernando Couto, Rui Costa e Pauleta fizeram melhor.

O Mundial 2010 serviu também para Simão se afirmar como oitavo melhor marcador de sempre da Selecção, ao lado do mítico Nené, com 22 golos. A história de golos do extremo na equipa nacional vai mais longe do que isso: ao todo festejou por 71 vezes em todas as selecções que representou ao longo da carreira.

Uma estreia... a marcar (e outra)

Simão tem a estrelinha dos golos, aliás. Na estreia pela Selecção AA, por exemplo, num amigável com Israel, a 18 de Novembro de 1998, entrou a substituir Figo e fez o resultado (2-0) aos 89 minutos. No Sporting já tinha feito melhor: estreou-se aos 17 anos, com o Gil Vicente e marcou da primeira vez que tocou na bola.

A história de Simão, transmontano natural de Constantim, perto de Vila Real, é também feita de precocidades. Estreou-se no Sporting com 17 anos, na Selecção AA com 19 e só não esteve no Mundial 2002 (aos 22 anos) porque uma lesão o impediu de ser opção: no último amigável, no Bessa, com a Finlândia, rompeu os ligamentos.

A lesão na pior altura

Depois disso esteve no Euro 2004, tendo feito, por exemplo, a assistência para o golo de Postiga que permitiu evitar a eliminação no jogo dramático com Inglaterra, esteve no Mundial 2006, no Euro 2008 e no Mundial 2010. Na fase de qualificação para a África do Sul, de resto, foi o melhor marcador nacional, com quatro golos.

Antes disso já tinha deixado o nome gravado na história de sucesso das selecções jovens: fez parte da equipa campeã europeia de sub-16 e foi capitão da selecção júnior que participou no Mundial sub-20 da Nigéria. Quando ainda era jogador do Sporting, o clube que o foi buscar a Constantim com 13 anos.

Simão começou a jogar muito jovem nas escolas Diogo Cão, um clube formador de Vila Real, onde deu nas vistas. Deixou a família para trás e mudou-se para Lisboa. Ultrapassadas as dificuldades de adaptação, afirmou-se como um valor promissor das camadas jovens leoninas e estreou-se pelo Sporting com 17 anos.

O Benfica, as braçadeiras e a falta de consenso

A partir daí foi sempre a subir. Com 20 anos transferiu-se para o Barcelona, por 15 milhões de euros, mas voltou a Portugal duas épocas depois. Assinou pelo Benfica, que representou durante seis épocas, sendo peça fundamental no título ganho onze anos depois: fez todos os jogos, todos os minutos e marcou 15 golos.

Pelo meio tornou-se capitão, ele que chegou a ser notícia também quando se desentendeu com Hélder por causa da braçadeira. Mais tarde foi capitão também do At. Madrid e da própria Selecção Nacional, ele que desde muito novo assumiu qualidades de liderança em todas as equipas por onde passou.

Apesar de tudo, deixa a Selecção sem ter sido verdadeiramente consensual. Os números de destaque não conseguiram convencer os seleccionadores, e sobretudo os adeptos. «Sempre que há um Europeu ou Mundial, o Simão está em dúvida para a equipa titular», lamentou na África do Sul.