PLAY é um espaço semanal de partilha, sugestão e crítica. Cultural, quero crer. O futebol espelhado no cinema, na música, na literatura, no teatro. Outros mundos, o mesmo ponto de partida. Mas não só. Ideias soltas, reflexões comuns, filmes e livros que foram perdendo a vez na fila de espera das nossas prioridades. PLAY.

SLOW MOTION:

«THE PHILOSOPHERS' FOOTBALL MATCH» - Monty Python. Jorge Jesus é um homem diferente nos tempos recentes. Já citou Lenine, já pediu que se olhe para a parte de trás de uma árvore, até já recorreu ao filósofo Blaise Pascal.

A súbita e surpreendente sensibilidade do treinador do Benfica para o simbolismo da palavra puxou-me até esta peça genial dos Monty Python. Uma peça que poderá ser extremamente útil a Jesus até ao final da temporada.

Se o técnico pretender manter este ritmo alucinante de menções, aconselho-o a olhar para os intervenientes neste jogo de futebol entre filósofos/pensadores gregos e alemães. Ainda há muitas conversas com os jornalistas para preencher e bons cabeçalhos em lista de espera.

Para o jogo em Bordéus, por exemplo, Platão poderia ser uma inspiração: «A necessidade é a mãe da invenção». Sem Luisão e Garay, o centro da defesa precisa de respostas. Como dizia, e bem, Aristóteles, «a dúvida é o principio da sabedoria». Atenção a isto, caro Jesus.

E quando o acusarem de arrogância e vaidade, por que não ter à mão uma arma de arremesso? O «só sei que nada sei», de Sócrates, deixará todos de boca aberta. Nietzsche também poderá ser útil se algum cronista malicioso sublinhar a sofreguidão ofensiva do Benfica em alguns jogos.

«Há sempre um pouco de razão na loucura», diria o autor de Assim Falou Zaratustra. Pela boca de Jesus, naturalmente. Se nada disto fizer sentido, vejam pelo menos este sketch memorável de John Cleese, Michael Palin e companhia.

O mundo do futebol bem precisa de sorrisos.



PS: «BREAKING BAD», de Vince Gilligan. Se ainda não prestaram atenção a esta série maravilhosa, penitenciem-se e vejam já esta noite cinco episódios seguidos. A realização é extraordinária e o argumento de uma criatividade incomum: um pacato professor de química, pai de família, vê-se obrigado a enveredar por uma vida de crime ao ser-lhe diagnosticado um cancro. Muito, muito bom.

VIRAR A PÁGINA:

«THE WAY IT WAS» - Les Scott. As memórias autobiográficas de Sir Stanley Matthews, o homem que pousou as chuteiras com 50 anos. O autor acompanhou o mítico inglês ao longo dos últimos meses da sua vida. O resultado é digno dos seus feitos nos relvados.

SOUNDCHECK:

«WAVING FLAG» - K'naan. O meu colega Sérgio Pereira escreveu um texto extraordinário sobre esta música em vésperas do Mundial2010. Pode lê-lo aqui. Nada tenho a acrescentar às palavras dele.

Sugiro o vídeo. Pela emoção e esperança capaz de transmitir. Mais do que qualquer fumo branco. A vitória da vida de um somali trasladada para a maior festa do futebol.



PS: «FALLING OFF THE LAVENDER BRIDGE» - Lightspeed Champion Uma sugestão do leitor Miguel Coelho levou-me a descobrir este espantoso inglês. Uma pop charmosa, nada condizente com o cabelo da personagem principal. Suave e elegante, ótimo para a entrada na Primavera.



«PLAY» é um espaço de opinião/sugestão do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Pode indicar-lhe outros filmes, músicas, livros e/ou peças de teatro através do e-mail pcunha@mediacapital.pt. Siga-o no Twitter.