SLOW MOTION:
«SOCCER 6 TROPHY CUP». Londres, 1995. A indústria musical decide criar a sua própria liga de futebol. Blur, Oasis, Pulp, heróis de então, são presenças confirmadas. A britpop salta dos palcos/salas de estúdio para o relvado de Mile End.
Damon Albarn, obsessivo-competitivo, é um dos maiores entusiastas. Contrata Steve Harris (Iron Maiden) e Phil Daniels, derrota adversários de luxo (Stereophonics e Prodigy), vence o primeiro troféu. A prova realiza-se ininterruptamente até aos dias que nos acolhem.
Convido-vos a um exercício masoquista: imaginem o saltitante Jarvis Cocker, o instável Robbie Williams ou o truculento Liam Gallagher de calções e chuteiras. Not easy? Pois. A prova tornou-se um ícone do sex, drugs and football.
Há quem jure, de resto, que a atmosfera nos balneários era mais densa que o típico nevoeiro londrino. Deem asas à vossa imaginação.
Agora, uma boa notícia: os Blur vêm à cidade do Porto em maio, para o Primavera Sound. Quem sabe se alguma alma caridosa não convence Damon Albarn, Dave Rowntree, Alex James e Graham Coxon a dar umas corridas no Parque da Cidade?
Atrás de uma bola, claro.
PS: «THE MASTER», de Paul Thomas Anderson. Philip Seymour Hoffman e Joaquin Phoenix são brilhantes. A banda sonora criada por Jonny Greenwood (Radiohead) encena na perfeição o ambiente depressivo pós-II Guerra Mundial. Imperativo.
SOUNDCHECK:
«THE FIELDS OF ATHENRY» - adeptos da Rep. Irlanda. Tive o privilégio de acompanhar ao vivo o Euro2012. A minha agenda teve espaço para dois jogos da Rep. Irlanda. A pior seleção da prova tinha os melhores adeptos. Esta é a música que ecoou por Gdansk e Poznan, entoada por milhares de gargantas repletas de cerveja e paixão.
A sugestão chegou-me através do meu colega Luís Pedro Ferreira. Ele próprio um admirador confesso, e atento, da cultura irlandesa. Aqui ficam dois vídeos esclarecedores.
PS: «HOLY FIRE», dos Foals. Os rapazes são de Oxford. Conterrâneos dos Radiohead, portanto. Não podia haver melhor cartão de visita. O novo álbum está aí fresquinho, lançado a 11 de fevereiro. Inhaler, o primeiro single, levanta-nos das cadeiras e põe-nos a rodopiar. Tentem isto em casa, é seguro.
VIRAR A PÁGINA:
«KEANE - AUTOBIOGRAFIA» - Eamon Dunphy». As noites passadas atrás das grades, a pancadaria nos bares de Manchester, as confusões e desatinos com Bryan Robson. Roy Keane fala de tudo com uma honestidade brutal. E pede desculpa. O livro é uma catarse pessoal, uma auto-flagelação, mas com espaço para críticas ferozes a colegas, treinadores e adversários.
Lembra-se da entrada assassina sobre Alf Inge Haaland? « Pega lá, seu c....!» Um estilo inconfundível.
«PLAY» é um espaço de opinião/sugestão do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Pode indicar-lhe outros filmes, músicas, livros e/ou peças de teatro através do e-mail pcunha@mediacapital.pt. Siga-o no Twitter.
RELACIONADOS
PLAY: o Messi de Bagdad tem a televisão avariada
PLAY: uma Pelada para todos nós (e a ode à arbitragem)
PLAY: os gangsters da bola e Heleno, o galã maldito
PLAY: futebol em Cabul e no som dos Gotan Project
PLAY: México-86, Subbuteo e o baixinho sem asa
PLAY: Missé-Missé, os Sensible Soccers e o idiota do QPR
PLAY: l'enfant terrible, Scorcese na Serie B e Goal, Goal, Goal!
PLAY: Sir Bobby, «crazy Gazza» e Maradó, Maradó!
PLAY: Senna, Garrincha e o som de um Blur
PLAY: Três Leões, mestre Zizou e o Fútbol Indómito