O ex-presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) voltou a tecer críticas à forma como foi gerido o processo que o afastou da liderança do organismo e recordou o processo que terminou com o castigo de um jogo à porta fechada aplicado ao Benfica.

«Tive de avocar esse processo para ele ficar resolvido. Tenho provas disso, tenho memória e sei como tudo se passou. O processo esteve retido com o meu ex-colega do Conselho Diretivo e tive de o fazer para resolver uma situação que se estava a arrastar. Isso está bem expresso na ata e em documentos que tive de enviar ao presidente do Benfica», disse Augusto Baganha em declarações aos jornalistas à margem de uma audição no grupo parlamentar do CDS-PP, na Assembleia da República.

O antigo presidente do IPDJ disse sentir-se injustiçado no processo que culminou com a substituição por Vítor Pataco a um ano de terminar o mandato à frente do organismo público e questionou a atitude do Benfica em relação às claques. «Só a partir do segundo semestre de 2013 é que os clubes puderam passar a ser arguidos. Este problema das claques tem muito a ver com a ação dos clubes. Se os outros clubes têm as suas claques registadas, por que é que o Benfica não as tem?», disse Augusto Baganha, que admitiu que a decisão de interdição da Luz por um jogo «podia ter sido tomada mais cedo».

Baganha confirmou ainda a denúncia à Polícia Judiciária a respeito de um acesso ilegítimo em 2017 à informação detida pelo organismo sobre as claques do Benfica, cujo processo acabou por ser arquivado após despacho do Ministério Público nesse sentido. «Se houve intrusão veio do exterior, não foi dos funcionários do IPDJ. Foi algo de que informámos a Polícia Judiciária (PJ) e aguardamos pelo desenrolar da situação. Eu não me apercebi, mas a minha colega [a ex-vogal Lídia Praça] apercebeu-se e daí ter comunicado à Judiciária», revelou, assegurando também estar “de consciência tranquila” com o processo que o sucessor Vítor Pataco anunciou interpor contra a sua pessoa na justiça.

De resto, a Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República aprovou  as audições do ex-líder do IPDJ e do Secretário de Estado, João Paulo Rebelo, requeridas por PSD e PCP.

«Com o entendimento das informações que vieram a público, houve unanimidade da Comissão para ouvir o presidente cessante do IPDJ. Foi invocada urgência na audição e esperamos que ela aconteça na próxima semana, dependendo da disponibilidade de Augusto Baganha», revelou o deputado social democrata José Carlos Barros, em declarações à Lusa.

O coordenador do PSD explicou ainda que o PCP também pediu para João Paulo Rebelo também ser ouvido, o que foi aprovado por unanimidade.

Refira-se que Augusto Baganha esteve sete anos à frente do IPDJ e solicitou agora audições a todos os grupos parlamentares, tendo para já sido ouvido apenas pelo PSD e pelo CDS.