O apelo ao voto nas eleições europeias pautou os discursos de terça-feira à noite do comício do BE, com a cabeça de lista a acusar o Bloco Central de todos os dias estar «a trabalhar para a abstenção».

Num comício com destaque para a intervenção do ex-líder do BE, Francisco Louçã, a primeira candidata, Marisa Matias, criticou uma campanha onde PSD, CDS e PS «querem fugir a todas as questões essenciais» que é preciso debater.

«O Bloco Central está todos os dias a trabalhar para a abstenção. Trabalha para a abstenção todos os dias porque em vez de fazer campanha e discutir os problemas do país, faz uma novela. É provocações, é amuos, é arrufos, é zanga, é vitimização», criticou.

Marisa Matias fala de uma campanha «em que uns festejam todos os dias, e os outros se vitimizam todos o dias», enquanto «uns só pensam nas últimas eleições e os outros só pensam nas eleições que aí vêm».

«É triste e lamentável mas a verdade é que nenhum dos partidos do Bloco Central fala verdadeiramente do que está em causa nestas eleições, que como bem referiu a Catarina [Martins] são as eleições europeias mais importantes de sempre», sublinhou.

Antes, no púlpito de um comício muito participado no centro de Braga, a coordenadora do BE avisou que «o maior favor que se pode fazer à direita e à finança é a abstenção, ou o voto branco, ou o voto nulo porque esses não escolham nada e por isso premeiam o que está».

«A lição que temos com estes menos de quatro em cada dez a escolherem, é que quando não escolhemos o nosso futuro, alguém escolherá por nós e alguém pode estar a escolher contra nós como tem acontecido. A abstenção não resolve nada e não transforma nada. Deixa tudo precisamente na mesma», enfatizou.

Para Catarina Martins, «deixar a decisão aos outros será premiar quem roubou o país», considerando que é «sobre dignidade e futuro que são estas eleições».

Marisa Matias aproveitou a data - 20 de maio - e o facto de estar no Minho, para falar do derrube do governo dos cabrais, em 1846.

«Nós somos os netos, os bisnetos, os tetranetos deste povo e é por isso que, de pé, conseguiremos iniciar o derrube dos governos, de todos os governos dos cabrais que têm assolado este país», apelou.

A recandidata enumerou as «alternativas para sair da crise e evitar medidas que estão a destruir o próprio projeto europeu»: criar emprego, rejeitar o tratado europeu, promover o estado social e os serviços públicos, reestruturar a dívida, controlar o sistema financeiro, repor salários e pensões e reformar o sistema fiscal.

«Estas são apenas algumas das propostas e veem, podem ver, como é fácil fazer do debate europeu e das eleições europeias, um debate sério, rigoroso, exigente porque as pessoas que representamos é isso que nos merecem: seriedade, rigor e exigência e não que as tratemos como se fossem estúpidas», concretizou.