Não é um caso único em Portugal, mas é um caso raro na Europa. Neste pedacinho de terra à beira mar plantado só mesmo o Leça, na III Divisão, consegue igualá-lo. Na Europa, pelo menos na Europa onde se joga um futebol de primeira, dizem que só o Inter atingiu feito igual. O Pontassolense está imbatível esta temporada, não tendo ainda perdido nos trezes jogos realizados na Série B da II Divisão: ganhou dez e empatou três.
Lidera por isso a respectiva série destacado, com dez pontos de vantagem sobre o Lixa. Para além disso, e em duas eliminatórias realizadas na Taça de Portugal, também ainda não conheceu o sabor da derrota. Inclusivamente já eliminou o Olivais e Moscavide, da Liga de Honra. No meio de tudo isto, Lito Vidigal já perdeu a noção de quando foi a última derrota. «É pá, foi o ano passado», diz depois de longa pausa para pensar.
Sempre a fazer bons resultados: «Segredo? Não há segredo»
Pede um segundo para se concentrar, até solta uma gargalhada. «Não sei, não sei. Já foi há muito tempo», desiste. «Sei que foi com o Lousada, que ficou em primeiro lugar na Série B da II Divisão na última época». Lito Vidigal começa mesmo a apresentar resultados brilhantes. Logo no primeiro ano de treinador, no Elvas, pegou na equipa no último lugar e colocou-a em sétimo. Depois fez ainda melhor, no Portossantense. Pegou na equipa também no último lugar e deixou-a no final da época na terceira posição. Este ano segue isolado na liderança do Pontassolense e invencível. «O segredo? Não há segredos. É trabalho, acreditar no que se está a fazer e tentar fazê-lo da melhor forma».
O jovem técnico de 39 anos é conhecido por manter um bom relacionamento com os jogadores. Alguns, como o guarda-redes Vítor Pereira, 34 anos, são até pouco mais novos do que ele. Quem o conhece garante que sabe cultivar com o grupo uma relação de confiança e de camaradagem a toda a prova. Lito Vidigal, que como jogador se tornou conhecido sobretudo ao serviço do Belenenses e da selecção angolana, prefere deixar essa avaliação para as outras pessoas. «Já quando era jogador não falava das minhas qualidades», recorda. «Esperava que fossem os outros a fazê-lo, porque acho que somos sempre suspeitos para falar de nós. Como treinador faço o mesmo».
Braga não tem nada a ver: «São outras estruturas, outras capacidades»
Pelo meio prefere também não elevar a fasquia para a visita a Braga. «Estamos imbatíveis no nosso campeonato, mas a Taça não tem nada a ver», lembra. «São outras equipas, outras estruturas, outras capacidades, outros jogadores». Para o Pontassolense o jogo de domingo é sobretudo um prémio. Tanto assim que se prepara uma excursão de cerca de cem pessoas para acompanhar a equipa, uma excursão que mete uma prova de vinhos do Porto pelo meio. «Os resultados é que movimentam estas coisas todas e aproximam as pessoas do clube. Quando se ganha as pessoas estão mais felizes, querem acompanhar os jogadores. Por isso esta viagem a Braga é um prémio para todos».