Os passes de jogadores, como muita coisa no mundo, valem o que alguém está disposto a pagar por eles.
O facto de ninguém ter demonstrado disponibilidade para pagar mais do que 25 milhões de euros significa que esse era o preço do médio sérvio. E só podia baixar nos próximos meses. O Benfica foi afastado da Liga dos Campeões e a Sérvia está fora do Mundial 2014, altura em que aparecem sempre novos jogadores e oportunidades de negócio.
Do ponto de vista desportivo, vender o melhor jogador da Liga 2012/13 a meio da temporada é obviamente um mau passo. Matic, até pelo lugar que ocupa, era o jogador mais importante do Benfica. Não escrevo o melhor, mas seguramente o mais relevante, aquele cuja ausência mais se notava. (além de ser o melhor médio defensivo do mundo, claro)
Quando se vende um jogador assim no início da temporada, por norma o treinador tem tempo. Para procurar um substituto, para mudar o sistema se for esse o caminho, para treinar quem substitui a estrela.
A venda de Matic, nesta altura, encerra em si a possibilidade de comprometer o título nacional. Não digo que isso vai acontecer, claro. E também sei que o treinador que inventou Enzo Pérez como médio centro merece crédito. Sim, pode haver ali alguém que assuma o lugar e mantenha a equipa equilibrada. Mas o risco está lá.
Se, apesar disso, o Benfica decidiu vender Matic isso só pode ter acontecido por estar obrigado a fazê-lo.
Luís Filipe Vieira começou o ano de 2014 a avisar os adeptos de que tinha chegado o tempo de vender. Nessa entrevista a «A Bola», o líder encarnado explicou que não se tratava de «uma questão de obrigação», mas sim «de gestão».
Confesso que não entendi a frase.
Se, como disse Vieira, o Benfica recusou vender no Verão (a altura certa…) porque entendeu que deve fazê-lo no Inverno?
Entre junho e janeiro só mudaram três coisas.
1. A pressão sobre Jesus (e indiretamente Vieira) atenuou-se. O tempo ajuda a curar quase tudo.
2. O Benfica foi afastado da Liga dos Campeões.
3. O FC Porto apresentou-se mais fraco (Paulo Fonseca já perdeu tantos pontos como Vítor Pereira na época anterior) e o Sporting recuperou o estatuto de candidato ao título.
Numa empresa bem dirigida, não acredito em imprevistos. Quando aprovaram o orçamento para esta época, os responsáveis do Benfica já sabiam exatamente qual a necessdidade de dinheiro nesta altura do ano. Ou seja, não posso acreditar que a urgência em vender Matic tenha a ver com necessidades inesperadas de tesouraria.
Também sou obrigado a acreditar que Vieira não vendeu no Verão por que não quis. E não por na realidade não ter havido qualquer proposta decente. Se acreditasse no contrário teria de chegar à conclusão que o presidente do Benfica mentiu.
Restam, pois, os três fatores referidos acima.
Começando pelo último. O facto de o FC Porto estar pior e o Sporting muito melhor não permite ao Benfica qualquer conclusão. O máximo que se pode dizer sobre o campeonato é que está aberto e que se prevê luta até ao final. Ou seja, nesta altura é previsível que a discussão vá até Maio. E Jesus precisará dos melhores para as 15 batalhas.
O afastamento da Liga dos Campeões tem sido apontado como a principal razão para a venda. Mas é preciso olhar com rigor para os números. Ao somar dez pontos, o Benfica realizou uma boa fase de grupos. Se tivesse passado, isso significaria apenas 3,5 milhões de euros. Atingir os quartos de final, o que hoje em dia é improvável para qualquer equipa portuguesa, garantiria mais 3,9 milhões de euros. Tendo em conta que o Benfica ainda receberá algum dinheiro na Liga Europa, dificilmente estaremos a falar de mais de cinco milhões de euros. Matic vai render 25 milhões.
Resta o ponto número 1. O Verão, recordemos, foi duro para quem trabalha na Luz. Depois do que se perdeu, houve o caso Cardozo e a renovação com Jesus. Pelo meio, havia cativos para vender, uma televisão por subscrição para lançar, produtos nas lojas. No meio disto, abrir mão dos melhores jogadores poderá ter parecido a Vieira um risco demasiado grande.
Dito isto, regresso à pergunta inicial: Matic foi bem vendido?
Se pensarmos em Javi Garcia (20 milhões para o Manchester City), sim. Se olharmos para Witsel (40 milhões para o Zenit), não.
Se olharmos para o Benfica como um clube que deseja ser campeão, não. Se compreendermos que o objetivo número 1 do Benfica não é o título, antes manter-se na Liga dos Campeões e ter as contas equilibradas, sim.
Se pensarmos que o presidente do Benfica afirmou, a 23 de agosto, que Matic só sairia pela cláusula de rescisão (50 milhões…), não. Se nos lembrarmos que isto são coisas que os presidentes dizem mas já ninguém leva a sério, sim.
A minha opinião? Foi um dos piores negócios de Luís Filipe Vieira no Benfica. Pelo valor envolvido e sobretudo pelo momento. E porque deixou crescer a ideia de que foi obrigado a vender.
Numa empresa bem dirigida, não acredito em imprevistos. Quando aprovaram o orçamento para esta época, os responsáveis do Benfica já sabiam exatamente qual a necessdidade de dinheiro nesta altura do ano. Ou seja, não posso acreditar que a urgência em vender Matic tenha a ver com necessidades inesperadas de tesouraria.
Também sou obrigado a acreditar que Vieira não vendeu no Verão por que não quis. E não por na realidade não ter havido qualquer proposta decente. Se acreditasse no contrário teria de chegar à conclusão que o presidente do Benfica mentiu.
Restam, pois, os três fatores referidos acima.
Começando pelo último. O facto de o FC Porto estar pior e o Sporting muito melhor não permite ao Benfica qualquer conclusão. O máximo que se pode dizer sobre o campeonato é que está aberto e que se prevê luta até ao final. Ou seja, nesta altura é previsível que a discussão vá até Maio. E Jesus precisará dos melhores para as 15 batalhas.
O afastamento da Liga dos Campeões tem sido apontado como a principal razão para a venda. Mas é preciso olhar com rigor para os números. Ao somar dez pontos, o Benfica realizou uma boa fase de grupos. Se tivesse passado, isso significaria apenas 3,5 milhões de euros. Atingir os quartos de final, o que hoje em dia é improvável para qualquer equipa portuguesa, garantiria mais 3,9 milhões de euros. Tendo em conta que o Benfica ainda receberá algum dinheiro na Liga Europa, dificilmente estaremos a falar de mais de cinco milhões de euros. Matic vai render 25 milhões.
Resta o ponto número 1. O Verão, recordemos, foi duro para quem trabalha na Luz. Depois do que se perdeu, houve o caso Cardozo e a renovação com Jesus. Pelo meio, havia cativos para vender, uma televisão por subscrição para lançar, produtos nas lojas. No meio disto, abrir mão dos melhores jogadores poderá ter parecido a Vieira um risco demasiado grande.
Dito isto, regresso à pergunta inicial: Matic foi bem vendido?
Se pensarmos em Javi Garcia (20 milhões para o Manchester City), sim. Se olharmos para Witsel (40 milhões para o Zenit), não.
Se olharmos para o Benfica como um clube que deseja ser campeão, não. Se compreendermos que o objetivo número 1 do Benfica não é o título, antes manter-se na Liga dos Campeões e ter as contas equilibradas, sim.
Se pensarmos que o presidente do Benfica afirmou, a 23 de agosto, que Matic só sairia pela cláusula de rescisão (50 milhões…), não. Se nos lembrarmos que isto são coisas que os presidentes dizem mas já ninguém leva a sério, sim.
A minha opinião? Foi um dos piores negócios de Luís Filipe Vieira no Benfica. Pelo valor envolvido e sobretudo pelo momento. E porque deixou crescer a ideia de que foi obrigado a vender.