Vítor Oliveira, treinador do Portimonense, em declarações na sala de imprensa, depois da goleada sofrida por 5-1 frente ao FC Porto:

«O Portimonense estava avisado para uma entrada forte do FC Porto e para diversas situações que aconteceram ao longo do jogo, mas não conseguimos ser, dentro de campo, o opositor que gostaríamos de ter sido. Sabíamos que íamos encontrar um FC Porto forte, motivado, que acredita plenamente, sabíamos quais eram os seus mecanismos e como ia entrar, mas não conseguimos impedir aqueles dois golos, que foram a grande definição do jogo. O FC Porto entrou forte, foi feliz também em fazer dois golos, mas teve muito mérito na gestão do jogo. Era extremamente difícil que uma equipa do tipo do Portimonense, contra uma equipa do tipo do FC Porto, conseguisse virar o resultado. Na segunda parte tentámos com mais um homem de ataque equilibrar o jogo, chegar ao ataque e jogar olhos nos olhos, como temos feito ao longo do campeonato, mas não conseguimos, não tivemos qualidade suficiente e alguns jogadores não conseguiram exteriorizar o seu momento de forma. Houve tremedeira nossa em algumas fases do jogo e sofremos um resultado que não deixa espaço para grandes justificações. O FC Porto foi notoriamente superior.»

«É um resultado penalizador. Pedimos desculpa aos nossos associados, o resultado não é muito normal, mas também não podemos esquecer o que fizemos para trás. Ficámos surpreendidos, não contávamos com um resultado tão desnivelado, com uma exibição tão descolorida, mas já passámos por isto. Na terça-feira, vamos começar a trabalhar para reverter isto no próximo jogo.»

[13 golos sofridos em jogos contra o FC Porto esta época. Porquê?] «Porque o FC Porto marcou… Se não tivesse marcado, não teríamos sofrido. Essas situações não são importantes. O resultado é desnivelado. Fizemos golos nesses três jogos, o que também não é fácil. Jogamos olhos nos olhos com todos, não temos autocarros ou táxis para pôr à frente da baliza. A filosofia da equipa e a qualidade dos jogadores não o permitem. Com equipas do nosso nível, temos tirado vantagem disso. Com os ‘grandes’ estamos sujeitos a ser goleados. É evidente que não queremos, mas sabemos que com os jogadores que temos, se nos metemos lá atrás também corremos o risco de sofrer uma ‘catrefada’ de golos. Jogamos olhos nos olhos, sofremos 13, mas também não sei quantas equipas conseguem marcar cinco golos ao FC Porto na mesma época.»

[FC Porto o mais forte da liga?] «Não sei se é o mais forte. Faltam 10 ou 11 jornadas, há três equipas a lutar pela primeira posição. O FC Porto está forte, mas também o Benfica demonstrou ontem muita força, num jogo muito difícil. O FC Porto tem uma vantagem de cinco pontos, bastante significativa e uma almofada bastante cómoda. Neste momento, parece-me que o FC Porto é a equipa mais forte do campeonato. Não sei se vai continuar assim até ao fim do campeonato e se alguma das outras equipas vai reverter a situação.»

«Tem-se vindo a verificar, ao longo deste campeonato, um fosso cada vez maior entre os três grandes e as outras equipas, com o Sporting de Braga de permeio, afastadas por um número de pontos significativo, o que não é positivo para o futebol português. Mas é o que a realidade nos diz: é que a diferença entre os três grandes e as outras equipas cada vez se acentua mais.»

[Que medidas poderiam atenuar essas diferenças?] «É preciso uma melhor distribuição do dinheiro de publicidade e televisões mais justa, para que as equipas de baixo se possam apetrechar melhor para poder tornar o campeonato mais competitivo. O número de empréstimos, o número de jogadores que cada clube pode ter, libertando uma série de jogadores que estão presos nos clubes e vão sendo colocados aqui e ali, conforme interessa, às vezes com interesses pouco desportivos. Os pequenos, se tivessem mais um pouco de dinheiro, se calhar teriam possibilidade de fazer melhores plantéis, tornando o campeonato mais competitivo e melhorando as respostas das nossas equipas nas competições europeias.»