O «The Mercury», mais antigo e mais importante jornal sediado em Durban, sai para as bancas nesta sexta-feira com uma edição especial. A propósito do jogo entre Portugal e o Brasil, marcado para esta cidade, o diário sul-africano vai sair com uma primeira página em português, assim como um suplemento de quatro páginas.

A editora do jornal é uma luso-descendente. Ângela Quintal assumiu o cargo em Fevereiro, e sentiu que era preciso mostrar ao país, e sobretudo à população de Durban, a importância do Mundial. «Os sul-africanos não tinham consciência que esta é uma oportunidade única», disse ao Maisfutebol.

A cem dias do jogo de abertura foi lançada uma nova estratégia editorial. As 32 selecções finalistas e as principais estrelas do torneio foram apresentadas a preceito. Depois, quando a bola começou a rolar, destaque especial para quem pisa o relvado do Estádio Moses Mabhida. A táctica foi sempre a mesma, mas fez sucesso. Tudo começou com o Alemanha-Austrália. O «The Mercury» integrou, na sua edição, a manchete de um jornal alemão (Berliner Bild) e um australiano (The Courier Mail). A ideia repetiu-se depois no Espanha-Suíça (El País e La Liberté), Holanda-Japão (De Telegraaf e Mainichi) e Nigéria-Coreia do Sul (Complete Sports e Twinning with Seoul). Para além da manchete, o jornal sul-africano incluía ainda alguns artigos elaborados por profissionais estrangeiros.

No Portugal-Brasil não foi diferente. O «Público» e o «Folha de São Paulo» deram um contributo para a edição especial. «Sabíamos que era o jogo de sonho da fase de grupos, e que íamos receber na cidade muitos luso-descendentes, muitos turistas de Portugal e também muitos brasileiros, sem esquecer Moçambique e Angola», diz Ângela Quintal, justificando a aposta.

A iniciativa tem sido um sucesso, e a parceria com outros jornais fez com quem se projectasse além-fronteiras. «Esta iniciativa está a chegar a todo o lado. É muito bom para um jornal pequeno como o nosso, que produz 40 mil exemplares. Tem sido divertido e está a chamar a atenção. Temos aprendido muito também», diz a editora.

Uma directora inovadora, que teve ajuda da comunicação social lusa

O jornal «The Mercury» tem 157 anos, e Ângela Quintal é a primeira mulher a assumir a direcção. «É um desafio», assume, antes de especificar: «Esta é uma província chauvinista. Por força da maioria Zulu esta é uma sociedade muito machista. Mas não sinto que isso seja um problema.»

Para a edição especial desta sexta-feira, Ângela recorreu à ajuda de alguns jornalistas portugueses. Representantes do Maisfutebol, TVI e TSF deram um pequeno contributo na tradução de alguns textos, de inglês para a língua que invadiu Durban por ocasião deste Portugal-Brasil.