O último jogo de preparação para o Europeu sub-21 deixou uma péssima imagem da selecção portuguesa. Vale de consolação de há sensivelmente dois anos, neste mesmo estádio e no último jogo de preparação para Euro 2004, a selecção principal ter deixado também uma péssima imagem num amigável com o Liechtenstein e ter depois feito o que fez na prova. Pode saber a pouco, mas acaba por ser o melhor que sobra deste jogo.
Portugal, de resto, não fez nada para encher de fé o país. Basta lembrar, por exemplo, que só conseguiu uma finalização dentro da área em jogada de bola corrida, logo aos cinco minutos, quando Filipe Oliveira cruzou muito bem da direita e Hugo Almeida falhou escandalosamente o desvio para golo a dois metros da linha de baliza. Sobraram depois muitas intenções, bastante esforço, algum domínio, mas nenhuma inspiração.
Os remates de longa distância tornaram-se, aliás, a única forma de chegar à baliza adversária. O que irritou os quatro mil espectadores no estádio. Naturalmente. Ivanildo agitou o jogo na segunda parte, teve mesmo uma excelente jogada aos 80 minutos que quase dava golo, mas o desânimo já era nessa altura quase completo. Até porque pelo meio, em jogadas de contra-ataque, a Itália já tinha espreitado o golo duas ou três vezes.
Experiências pouco conseguidas
Para trás tinham ficado largos minutos de domínio quase completo da selecção portuguesa, que era claramente superior, dominava territorialmente, tinha a posse de bola, mas não conseguia depois ultrapassar uma selecção que defendia muito, que defendia também bem, mas que abdicava completamente de querer dividir o controlo do jogo. Pela frente havia ainda mais dez minutos que haveriam de trazer o golo da frustração. A selecção transalpina tem tudo a ver com as equipas italianas básicas. Defende muito, contra-ataca bem e quando menos se espera decide os jogos. Fê-lo esta noite quando marcou nos descontos. Um golo em que aproveitou também alguma falta de rotina nacional entre os centrais. Com requintes de malvadez, como sempre faz.
Tinha-se acabado o parágrafo anterior a falar da falta de rotina de alguns jogadores nacionais. Ora essa falta de rotina é sem dúvida uma atenuante. Agostinho Oliveira aproveitou esta partida para fazer várias experiências, também é para isso que serve um jogo destes, lançou por exemplo jogadores que não fizeram o apuramento como são os casos de Daniel Fernandes, José Gonçalves ou Nelson, elementos que se esforçaram por fazer merecer a oportunidade, mas que pecaram pelo desenquandramento. Essa foi uma atenuante. A outra foi de terem faltado jogadores importantes. Mas poucos podem contar que Ricardo Quaresma ainda faça parte desta selecção. Ou que seja certo que Hugo Viana possa trazer a dinâmica que faltou esta noite à equipa.
FICHA DE JOGO
Estádio: Municipal de Águeda, em Águeda
Espectadores: 4 mil
Árbitro: Duarte Gomes (Lisboa)
Assistentes: Arlindo Santos e José Lima
Quarto árbitro: Hugo Miguel
PORTUGAL (4x3x3): Daniel Fernandes (Bruno Vale, 80m); Nélson, José Fonte, Semedo e José Gonçalves; Custódio (Nuno Morais, 57m), Raul Meireles (Bruno Amaro, 57m) e Manuel Fernandes (Varela, 45m); Filipe Oliveira (Diogo Valente, 45), Hugo Almeida e Ricardo Vaz Tê (Ivanildo, 45m).
Suplentes não utilizados: Miguel Ângelo, Ruben Amorim e Nani.
ITÁLIA (4x4x2): Curci; Potenza, Bovo (Scurto, 73m), Canini e Mantovani; Rosina (Foggia, 45m), Aquilani, Donadel (Palladino, 13m) e Defendi (Galloppa, 82m); Montolivo e Pazzini.
Suplentes não utilizados: Mirante, Coda, Ferronetti, Biondini e Pelle.
GOLOS: Palladino (90m)
Cartões amarelos: Ivanildo (67m) e Montolivo (67m)
Ao intervalo: 0-0