Os quatro mil milhões de euros investidos pelo Estado holandês no grupo financeiro Fortis, actualmente em dificuldades, não são «dinheiro perdido», afirmou domingo à noite o ministro holandês das Finanças, Wouter Bos.

«Não é dinheiro perdido, em troca recuperamos o direito de voto no banco e influência, o que é justamente aquilo que os investidores e as famílias apreciam numa altura em que se anunciam tempos incertos», assegurou Wouter Bos, questionado em Bruxelas pela televisão holandesa, e citado pela agência «Lusa».

O grupo financeiro Fortis, parceiro do BCP na área dos seguros, que atravessa uma grave crise de confiança do mercado, será parcialmente nacionalizado.

Os governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo acordaram injectar 11,2 mil milhões de euros naquele banco para ajudar a instituição a sair da crise financeira.

«Garantimos segurança às pessoas, o Fortis será mais forte. Estamos em condições extremas, o que não é uma época normal», assegurou o ministro holandês.

«É um sinal forte de que os três governos estão dispostos a ajudar» um banco em dificuldades, segundo o ministro holandês.

O acordo para salvar o banco foi alcançado domingo, num encontro que contou com a presença de membros do Governo dos três países e de representantes dos respectivos bancos centrais e da União Europeia.

A Bélgica vai investir 4,7 mil milhões de euros em contrapartida de uma participação de 49 por cento na filial belga do grupo Fortis, enquanto a Holanda vai injectar 4 mil milhões de euros por igual participação na filial holandesa e o Luxemburgo 2,5 mil milhões por idêntica participação na respectiva filial.

Os três países esperam evitar a falência deste grupo financeiro, dando garantias aos investidores e assegurando aos clientes que o seu dinheiro não está em risco.

Por seu lado, o Fortis, que esta semana desvalorizou 35 por cento na bolsa de Bruxelas, será forçado a vender a participação que detinha no banco holandês ABN Amro, adquirida no ano passado.

Sem impacto em Portugal

A Fortis é parceira do BCP no segmento de seguros, controlando em conjunto o Millenium BCP Fortis Grupo Segurador, companhia que detém várias seguradoras, designadamente a Ocidental Vida, a Ocidental Seguros, a Pensões GERE e a Médis.

A venda de activos do grupo financeiro belga-holandês Fortis não terá qualquer impacto na actividade seguradora em Portugal, segundo garantiu domingo à agência «Lusa» o administrador do BCP Nelson Machado.