A seleção portuguesa antecedeu a partida para França com uma goleada de 7-0 sobre a Estónia com Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo a fazerem uma dupla de sonho no ataque, sobretudo pela exibição do avançado do Besiktas.

No último jogo de preparação antes da estreia com a Islândia – em que algumas das dúvidas que Fernando Santos reconheceu ter (mesmo que «poucas») terão ficado mais dissipadas – Ricardo Quaresma terá deixado definido quem entrará a fazer dupla com o capitão português na linha mais avançada da equipa.

Dois golos marcados, duas assistências e um cruzamento que terminou num autogolo não só significam uma intervenção em cinco golos da equipa portuguesa, mas, no fundo, refletem também a influência de Quaresma no consulado de Fernando Santos na seleção.

Quaresma foi preferencialmente um jogador utilizado a partir do banco de suplentes durante a fase de qualificação para o Euro 2016 e essa condição deverá ser agora invertida – deixando menos hipóteses a Fernando Santos para escolher outra dupla de avançados para a estreia que não a que começou frente à Estónia.

O selecionador português não abriu o jogo quanto aos titulares no Europeu, mas os factos da preponderância de Quaresma nesta caminhada só podem ter rivalidade com os números do fenómeno de recordes Cristiano Ronaldo – frisando, a título de exemplo, dois golos em duas vitórias por 1-0 ou os três golos no triunfo por 3-2 sobre a Arménia.

A intervenção em cinco golos desta noite (duas a marcar e duas a assistir) regista números ímpares num único jogo durante esta campanha, mas regista também uma regra que Quaresma acabou por fazer valer em toda a qualificação, como vimos quando o jogador de 32 anos, nos primeiros dias do estágio, recusou ser uma arma secreta.

Apontámos que sem ser arma secreta Quaresma era um trunfo desta seleção de Fernando Santos com os números – resumidos aqui – de quatros assistências (em dois jogos a contar) e um golo (num particular) com apenas uma titularidade.

Quaresma quer «aproveitar o momento e ajudar a equipa e desfrutar do futebol», mas «sempre disse que queria agarrar as oportunidades». Após a vitória s obre a Estónia, o internacional português afirmou ser «mais um para ajudar a seleção» deixando a opção nas mãos do selecionador: «Agradeço aos colegas e à equipa técnica pela oportunidade e confiança que me dão.»

Se os números acumulados desta quarta-feira invertem o estatuto de suplente de luxo para titular – ou se mesmo o anunciado 4x4x2 sofrerá adaptações (agora) necessárias – é algo que Fernando Santos deverá deixar para responder (em público) no dia 14 na estreia com a Islândia; assim como as outras dúvidas que existirão à medida que se recua no terreno.

Quando as ações em campo não são transparentemente traduzíveis pelos números concretizados em golos – como acontece com a dupla atacante titular desta noite –, as probabilidades têm de encontrar outras medidas – no que pode ser mensurável pelos números.

Minutos de utilização dos 23 convocados de Fernando Santos:

Guarda-redes:

Anthony Lopes (90m Noruega)

Eduardo (0m)

Rui Patrício (90m Inglaterra + 90 Estónia)

Defesas:

Cédric (90m Noruega + 45 Estónia)

Vieirinha (11m Noruega + 90m Inglaterra + 45m Estónia)

Bruno Alves (35m Inglaterra)

José Fonte (90m Noruega + 52m Inglaterra + 90 Estónia)

Pepe (58m Estónia)

Ricardo Carvalho (59m Noruega + 90m Inglaterra + 32 Estónia)

Eliseu (10m Noruega)

Raphaël Guerreiro (79m Noruega + 90 Estónia)

Médios:

André Gomes (79m Noruega + 44 Inglaterra + 90 Estónia)

Adrien (35m Noruega + 72m Inglaterra)

Danilo (31m Noruega + 76m Inglaterra + 69 Estónia)

João Mário (73m Noruega + 46m Inglaterra + 58m Estónia)

João Moutinho (55m Noruega + 72m Inglaterra + 58m Estónia)

William Carvalho (90m Noruega + 18m Inglaterra + 20m Estónia)

Renato Sanches (17m Noruega + 18m Inglaterra + 32m Estónia)

Avançados:

Cristiano Ronaldo (45m Estónia)

Éder (71m Noruega + 1m Inglaterra + 10m Estónia)

Nani (61m Inglaterra + 45m Estónia)

Quaresma (60m Noruega + 29m Inglaterra + 77m Estónia)

Rafa (30m Noruega + 38m Inglaterra)

Os minutos podem, entretanto, confirmar as decisões técnicas e táticas que serão tomadas em França com algumas opções de Fernando Santos a ficarem menos duvidosas para quem as equaciona não sendo selecionador nacional.

No meio campo estarão (ou estariam) algumas das dúvidas difíceis. Danilo Pereira e André Gomes parecem ter ficado na linha da frente relativamente a William Carvalho e Adrien Silva, respetivamente quando já não há testes para realizar. E a defesa não está também isenta de incertezas para o observador, mas as maiores questões deverão estar mais nas laterais do que no centro.

Fernando Santos tem baralhado as opções de muitas maneiras até ao ponto em que Ricardo carvalho e Pepe acabaram por não fazer em campo qualquer minuto em conjunto. Mas isso não quer dizer que esta não possa ser a dupla preferida no centro da defesa para começar o europeu.

Das certezas que os números nos dão, pelo menos, ficou estabelecido que Portugal atingiu a quinta maior goleada do seu historial igualando a vitória por 7-0 sobre a Coreia do Norte no Mundial 2014, no Brasil.