Em declarações à agência «Lusa», o sócio-gerente da Contra Fogo-Equipamentos de Segurança, Clemente Mitra, explicou à Lusa que os atrasos na entrega do equipamento às corporações de bombeiros voluntários de todo o país se devem a um conjunto de situações.

«Em primeiro lugar, o lançamento do concurso foi feito em Maio e se calhar deveria ter sido feito em Janeiro ou Fevereiro e, por outro lado, a grande maioria do material é encomendado a fábricas estrangeiras», disse Clemente Mitra.

Na semana passada, o ministro da Administração Interna, António Costa, afirmou que várias corporações de bombeiros estavam sem «kits» individuais de combate ao fogo, que inclui farda, capacete e tenda anti-fogo, devido a atrasos nas entregas por parte dos fornecedores.

O sócio-gerente da ContraFogo refutou que a culpa seja dos fornecedores e adiantou que a sua empresa está fazer o melhor que pode para entregar o material o mais rapidamente possível.

«Mesmo com dificuldades, a Contra Fogo já conseguiu entregar mais de 80 por cento do equipamento que lhe foi encomendado por corporações de todo o país», revelou Clemente Mitra.

O responsável explicou que no que diz respeito à sua empresa o problema maior tem-se verificado com os abrigos florestais, um artigo que só é fabricado por uma firma norte-americana.

«O `Fire Shelter' (abrigo florestal contra incêndio) só é feito nesta fábrica dos Estados Unidos e que além das encomendas normais que costuma ter recebeu um pedido nosso de cinco mil artigos», afirmou o responsável salientando que «a entrega depende do tempo que a fábrica vai demorar a fazer as entregas».

Clemente Mitra disse ainda à Lusa estar solidário com os bombeiros portugueses e reforçou novamente o esforço que a empresa está a fazer.

Cada «kit» de equipamento individual inclui calças, coletes, botas, luvas e protecções para a cabeça, sendo todas as peças feitas em tecido especial para resistir ao fogo e altas temperaturas.

Cada conjunto inclui também um capacete e uma tela de abrigo contra o fogo.

O investimento em «kits», para cerca de cinco mil bombeiros, ronda os sete milhões de euros, que foram distribuídos pelos governos civis e depois entregues às Associações de Bombeiros Voluntários para que fizessem as aquisições.

O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), Duarte Caldeira, disse hoje de manhã à agência Lusa que o distrito de Leiria é o mais afectado com as faltas de material, uma vez que nenhuma corporação de bombeiros voluntários deste distrito recebeu os «kits» individuais.

«A informação que temos é a de que todas as corporações de bombeiros do distrito de Leiria e algumas do distrito de Lisboa não receberam os `kits'», disse à «Lusa» Duarte Caldeira.

O presidente da LBP afirmou que algumas corporações de bombeiros voluntários do distrito de Lisboa já receberam o material, mas não precisou quantas pois ainda não foi feito um levantamento das que não receberam.