por Rita Pereira

A segunda jornada das competições europeias deixou-nos um dado preocupante: dos nove golos sofridos pelas cinco equipas nacionais que competem na Liga dos Campeões e na Liga Europa, sete foram marcadas na sequência de bolas paradas.

No caso do FCPorto, os livres marcados pelo Atlético de Madrid foram decisivos para a derrota dos tricampeões nacionais. Aos 57 minutos, Godín cabeceou para o golo do empate após um livre. A poucos minutos do final da partida, um lance estudado dos madrilenos apanhou o FC Porto desprevenido e Arda Turan fez o 1-2.

O treinador Carlos Azenha considera ao Maisfutebol que este é um lance em que «há mais mérito de quem executa do que quem defende». Para o ex-adjunto dos dragões, «a equipa adversária pode sempre surpreender e fazer algo novo, por muito que se observe».

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Em Paris, os cantos do PSG estão na origem de dois dos três golos sofridos pelo Benfica. Aos 24 minutos, o golo é marcado por Marquinhos após um pontapé de canto na direita. No decorrer do lance, a bola chega a Ibrahimovic e este isola Verratti com um passe de calcanhar.

A jogada passa ainda por Matuidi antes de dar em golo. Consideramos que o golo nasce de uma bola parada, pois desde a marcação do canto até ser golo nenhum jogador do Benfica tocou na bola.

O terceiro golo dos parisienses surgiu também depois de um canto, com Ibrahimovic a saltar mais alto do que a defesa benfiquista.

«Por vezes, os avançados são mais possantes e conseguem saltar mais alto do que os defesas, como é o caso do lance entre o Gaitan e Ibrahimovic», considera Carlos Azenha.

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Para Jaime Pacheco, «tudo depende da qualidade individual defensiva dos jogadores». «Disso e da confiança que eles têm para evitar que esse tipo de lances dê em golo».

Na Liga Europa, o problema com as bolas paradas manteve-se. O golo do Lyon contra o Vitória Guimarães foi marcado após um livre e o mesmo aconteceu no segundo golo do Liberec frente ao Estoril.

Em casa do Paços de Ferreira, o Pandurii conseguiu marcar através de um pontapé de canto.
Na opinião de Jaime Pacheco, «esta foi apenas uma semana de coincidências», porque «os treinadores praticam muito as bolas paradas», garantiu.

O técnico afirma ainda que estes sete golos podem «estar associados à diferença de altura que existiu com os adversários».

Carlos Azenha deixa mais uma ideia: «Cada treinador defende de forma diferente, tanto pode ser homem a homem, à zona ou uma defesa mista». Não existe uma fórmula perfeita, «porque há quem tenha sucesso com cada um destes modelos», garante.

De acordo com o treinador, os lances de bola parada «não são um bicho de sete cabeças», mas é importante que os treinadores percebam a «preponderância que têm nas equipas».

Um a um, os sete golos de bola parada:

FC Porto-Atlético Madrid, 1-2
. minuto 57: na sequência de um livre batido por Gabi, o guarda-redes Helton calculou mal a saída dos poste e deixou Godín cabecear para golo!

. minuto 85: um livre estudado que apanhou o FC Porto completamente desprevenido: Gabi ameaça que vai marcar, passa para Arda Turan, que foge aos defesas, fica na cara de Helton e fuzila o guarda-redes.

PSG-Benfica, 3-0
. minuto 24: Ibrahimovic ganha a bola de um canto do outro lado, de costas dá de calcanhar para Verratti, que com pica a bola para Matuidi, o francês cruza junto à linha, Artur não afasta e Marquinhos marca à boca da baliza.

. minuto 29: o PSG faz o terceiro. Thiago Motta bate um canto e Ibrahimovic cabeceia para golo.

Lyon-Vitória Guimarães, 1-1
. minuto 53: o capitão do Lyon, Gonalons, antecipa-se a Abdoulaye e marca de cabeça, após livre na esquerda.

Slovan Liberec-Estoril, 2-1
. minuto 62: o Slovan marca de bola parada. Livre na direita, há vários jogadores que falham o corte e a bola depois ressalta em Yohan Tavares e sobra para o remate de Kovac. Fica a ideia que Vagner podia ter feito melhor.

Paços Ferreira-Pandurii, 1-1
. minuto 4: canto batido do lado direito, bola na área para o cabeceamento de Erico e Momcilovic a ter tempo de ver a bola bater no chão e conseguir fazer o remate à meia volta. Um grande falhanço da defensiva pacense que o deixou solto na área.