Tem valido como piada por estes dias, mas é um facto. Portugal tinha até agora em toda a sua história olímpica tantas medalhas quantas as que Michael Phelps ganhou sozinho: 22. Agora passa a ter mais uma.

Uma medalha olímpica para Portugal é coisa rara. Por muito que quiséssemos que não fosse. Por isso é mesmo notável quando algum atleta português consegue furar a normalidade e subir ao pódio nuns Jogos Olímpicos. Emanuel Silva e Fernando Pimenta conseguiram-no agora. Mais, conseguiram-no pela primeira vez na canoagem e colocaram o nome de Portugal na elite olímpica de mais uma modalidade: a nona, em 116 anos.

É raro, mas não acontece por acaso. Por trás de uma proeza destas está sempre talento, inspiração, mas também muito trabalho, muita dedicação. Depois pode falhar, há inevitavelmente uma série de pormenores que fazem a diferença. Mas do nada não aparece, seguramente.

A canoagem portuguesa tem vindo a crescer, muito, nos últimos anos. Em Londres já assegurou a presença em três finais, a juntar a uma série de medalhas internacionais nos últimos anos. Reuniu uma série de condições, planeamento, método, condições de treino no Centro de Alto Rendimento de Montemor o Velho. A principal delas não é o apoio do Estado, a canoagem queixa-se regularmente de ser das modalidades menos subsidiadas.



Temos aqui muito por onde falar desta medalha, portanto. Mas, perante tudo isto, resta sobretudo valorizar o que eles fizeram. E tentar aprender com isso. Também como espectadores, já agora. Os Jogos Olímpicos são a melhor oportunidade para crescermos como adeptos de desporto, se o quisermos fazer. Se não quisermos abrir horizontes, aprender a apreciar, saber mais e ganhar sentido crítico para distinguir o que que foi bom e o que foi mau, o mais provável é daqui por quatro anos estarmos no mesmo sítio.