Uma parte final de emoção, com vários remates, um deles ao poste, pode dar a sensação última, e errada, de que houve uma grande partida nesta Eusébio Cup, entre Benfica e Torino.

Não foi bem assim. O jogo que homenageia o Pantera Negra trouxe os encarnados à Luz pela primeira vez depois do tricampeonato, mas as boas indicações que a equipa vinha a dar esbarraram quase sempre num Torino que não é Grande como o da década de 40, mas que foi suficiente bom para amarrar as águias durante muito tempo e causar vários lances de perigo na área contrária. Aí, esteve a melhor notícia da noite para os encarnados: Júlio César não só aparenta estar recuperado, como foi decisivo no resultado final nos 90 minutos. Nos penáltis, Lindelof atirou o troféu para Itália, com um remate à barra.

Longe, muito longe de ser excitante, a primeira parte ficou marcada por erros individuais. Foram eles que estiveram na origem do 1-1 ao descanso, com a falha mais óbvia a cair no guarda-redes do Torino. Mais do que Vives, que apontou o autogolo que deu vantagem ao Benfica, foi o guardião que ficou mal na imagem, ao não segurar a bola lançada por Salvio. Aos 6 minutos, a águia estava a vencer após uma boa entrada. Depois, o jogo encarnado começou a diluir-se.

O primeiro tempo não teve grande emoção por dois motivos: os blocos de Benfica e Torino. Foi muito difícil conseguir furar pelo meio, quer para uma, quer para outra equipa. Cervi bem tentava buscar espaços interiores e Horta buscou a bola também, mas os italianos estiveram compactos e anularam os encarnados. Sem jogo no meio, o Benfica só se chegou à frente quando a bola chegava Salvio, sempre mais colado à linha.

Do outro lado, é também verdade que o Torino não tinha muito espaço. Procurou-o, assim, pelos corredores, com algumas tentativas de variação de flanco, através de passe longo. Não conseguiu muita coisa. No entanto, é verdade que chegou ao golo. Um golaço, diga-se. Ljajic não perdoou uma perda de bola de Fejsa, na jogada que iria dar origem ao livre do empate. Depois, o sérvio do Torino fez o resto, com a bola a ir parar ao ângulo da baliza de Paulo Lopes.

Em resumo, os 45 iniciais mostraram um Benfica seguro q.b., mas sem criatividade na frente, fosse ela coletiva ou individual. Quanto aos reforços, o jogo não correu bem, do ponto de vista técnico, a André Horta. Quer isto dizer que por vezes decidiu bem, mas o passe foi mal executado, enquanto Cervi foi muito vítima do colete que o Torino criou: não teve espaço.

No segundo tempo, Rui Vitória começou a mexer na estrutura da equipa. Diga-se que a tática mantinha-se no habitual 4x4x2, mas o raio de ação de Samaris continua a ser menor do que aquele que Fejsa ocupa e a equipa ressente-se disso. Essa questão não é de hoje, porém.

Ora, com a estrutura a mudar, a equipa abanou um pouco. Pizzi já fez de número 8, nesta noite voltou ao lugar na segunda vaza de substituições encarnadas e foi notório que o internacional português e Samaris não reagem ao jogo como a dupla que os antecedeu em campo.

O Torino aproveitou para ir em crescendo até à baliza de Júlio César. Ficou um pouco mais fácil arranjar espaço no meio e, daí, avançar para os corredores. Após um remate de Pizzi ao lado (51 min), Maxi Lopez bateu Lindelof na área encarnada e veio Júlio César, imperial, fazer a mancha e uma enorme defesa.

Os problemas acentuaram-se com o passar dos minutos. Os italianos estavam melhor no encontro, a dupla de centrais do Benfica estava mais desprotegida pelo meio e o Torino ameaçou com um remate ao lado e, depois, com outro de longe e frontal que Júlio César voltou a defender.

Mihajlovic começou a mexer na equipa que comanda ao intervalo e continuou a fazê-lo ao longo do segundo tempo. O jogo ficou partido e, por fim, o Benfica surgiu na área italiana. Podia ter resolvido aí o encontro, com Jimenez, Luisão (ao poste) e de novo o mexicano a desperdiçarem.

A Eusébio Cup foi, assim, um belíssimo teste à equipa de Rui Vitória, que mostrou um Carrillo melhor do que nos jogos anteriores e um Júnior Benítez que foi pela primeira vez ala e mostrou vontade.

No entanto, é no coletivo que deve estar o foco e, aí, o Benfica mostrou que há mais espaço para crescer do que aquele que poderia pensar, pelos jogos anteriores. Sobretudo, quando se trata de entrar no bloco adversário. Afinal, a maior parte do tempo em que os encarnados vão estar na temporada: com a bola e um rival fechado.