O que parece ter sido o final de uma história tumultuosa é fácil de ser resumido. Os donos do Liverpool queriam aumentar o preço dos bilhetes a partir da próxima época. Os adeptos manifestaram o seu desacordo através de protestos significativos. Os responsáveis do clube recuaram na decisão. E pediram desculpa.

 

A partir da próxima temporada, os clubes da Premier League começam a tirar proveito do acordo de direitos televisivos que totaliza 6,5 mil milhões de euros de receitas em três anos (10,2 milhões incluído os direitos para o estrangeiro). A Associação de Adeptos de Futebol (FSF, do inglês «Football Supporters’ Federation») propôs que, com este aumento de receitas, os preços dos bilhetes fossem reduzidos.

 

Arsenal, Crystal Palace, Manchester United, Norwich e Swansea <i>congelaram</i> os preços a começar já a partir da temporada 2016/17. O West Ham, não só não aumenta como reduzirá os preços dos bilhetes quando se mudar para o estádio que serviu de palco aos Jogos Olímpicos 2012. Em Anfield, as coisas seriam diferentes pela vontade dos seus donos.

 

A Fenway Sports Group (FSG) decidiu aumentar o preço do bilhete mais caro de 59 libras (76 euros) para 77 libras (99 euros), na Bancada Principal do estádio, assim como os bilhetes de temporada, por exemplo. Os adeptos reagiram contra de forma veemente e prometeram ações de protesto. E cumpriram.

 

 

O diretor executivo do clube, Ian Ayre, respondeu que não se podia agradar a todos na troca de argumentos que se iniciou. De nada serviu para fazer os adeptos mudarem de ideias quanto às ameaças feitas. Disseram que abandonariam o estádio no jogo com Sunderland (no último sábado) e cumpriram-no.

 

Ao minuto 77 de jogo em Anfield, cerca de 10 mil adeptos deixaram as bancadas numa visível forma de protesto, como aqui mostrámos. O treinador Jürgen Klopp – apesar de ausente da partida por motivos de saúde – também se manifestou para falar na necessidade de se encontrar «uma solução».

 

A FSG foi acusada de «ganância» – como ilustram as imagens onde se lê «Fenway Sports Greed» – figuras do clube como o antigo jogador Jamie Carragher (com lugar de época na Bancada Principal) foram vistas a sair ao minuto 77 (segundo o «Liverpool Echo»). [A estrela da equipa dos anos 1980 Kenny Dalglish também pode ser vista no canto superior esquerdo da imagem abaixo.]

 

 

A polémica do preço dos bilhetes no futebol, por um lado, extravasou fronteiras como os adeptos do Borussia Dortmund fizeram questão de mostrar em Estugarda, enquanto, por outro, passou a ser tema do debate político em Inglaterra. O deputado trabalhista Clive Efford solicitou que o primeiro-ministro receba os representantes da FSF. David Cameron prometeu «olhar com muita atenção» para a sugestão, pois considerou haver «um problema» quanto à questão do preço dos bilhetes.

 

Pelo lado dos responsáveis do Liverpool, já deixou de haver um problema. A FSG escreveu uma carta aberta aos adeptos onde não só garante que recuou nas intenções de aumento dos preços como pede «desculpa pelo incómodo causado pelo plano» antes previsto para 2016/17.

 

O texto assinado por John W Henry (o acionista maioritário), Tom Werner (presidente do conselho de administração) e Mike Gordon (presidente) explica, no rescaldo de uma «semana tumultuosa», as intenções e os objetivos dos planos traçados, mas, depois das justificações dadas, os donos do Liverpool resumiram a sua posição ante a reação dos adeptos aos aumentos de preços: «Mensagem recebida.»

 

Como principais «revisões» ao plano da bilhética, o Liverpool decidiu não só congelar os preços mais caros nos atuais valores de 2015/16 – 76 euros por jogo ou as atuais 869 libras (cerca de 1.100 euros) por bilhete de época (em vez das pretendidas 1.029 – cerca de 1.300 euros), como o novo plano ficou garantido não só para a próxima época como também para a temporada 2017/18.