Mário Figueiredo, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, deu nesta sexta-feira uma conferência de imprensa para falar sobre o polémico alargamento do primeiro escalão. Recorde-se que, na véspera, a Federação vetou a proposta aprovada na Assembleia-Geral da Liga, proposta que passava por nenhum clube descer esta época.

Na conversa com os jornalistas, o dirigente voltou a frisar que é contra esse princípio. Ele preferiria a liguilha, que não foi aprovada pelos clubes.

«Na passada segunda-feira, a Liga aprovou o alargamento de 16 para 18 clubes. Foi aprovada por larga maioria do clube. Também foi proposto que esse alargamento, a entrar em vigor no ano que vem, fosse feito com uma liguilha para manter a integridade desportiva da competição. Lamentavelmente, essa proposta foi recusada pelos clubes. Foi sim aprovada a não descida dos clubes. O presidente da Liga e a Comissão Executiva discordam totalmente desta ideia desde o princípio», começou por dizer.

Esta frase de Mário Figueiredo resume tudo: «O que aconteceu no dia 12, no que diz respeito à não descida, foi um erro dos clubes e não da Liga.»

«Houve muito trabalho de bastidores»

Ora Mário Figueiredo, nesse aspeto, diz-se em pleno acordo com a Federação. O organismo rejeitou a hipótese de um alargamento sem descidas. O dirigente, por outro lado, não gostou da forma como o tema foi tratado na reunião da FPF, preferindo que as negociações decorressem em privado.

Para o presidente da Liga, o acordo entre as partes deve passar por nova conversa com os clubes, levando-os a reconsiderar as suas posições relativamente à liguilha. «Estamos ambos de acordo, eu e o presidente da Federação: somos contra as descidas. Mas há um regime democrático na Liga. Se há um assunto, ele é levado aos clubes.»

«Não percebi porque é que muitos clubes da II Liga votaram contra a liguilha. Nos dias prévios à assembleia, houve muito trabalho de bastidores, é o que depreendo. Se calhar, até pelo que eles me dizem, muitos clubes da II Liga já estão arrependidos. A liguilha será do interesse deles porque permitiria a possibilidade de mais subidas. Recordo que a liguilha foi reprovada por uma margem muito pequena de votos.»

Contra discussão na Federação

Mário Figueiredo falou pelo segundo dia consecutivo sobre o tema. Agora, promete calar-se.

«É a última vez que vou discutir este assunto na praça pública. Só falo hoje porque foi uma vergonha o que aconteceu ontem, havia uma agenda escondida e discutiu-se um assunto que não estava na ordem de trabalhos», voltou a frisar.

O presidente da Liga insistiu no tema: «A reunião da Federação tinha como único ponto de trabalhos o Totonegócio. Não fiquei para os outros assuntos que seriam discutidos, assuntos esses que não devem ser discutidos na praça pública.»

«Acho que ainda podemos, com recato e serenidade, discutir a possibilidade de emendar a mão e falar sobre a Liguilha, essa que era a proposta do presidente da Liga», rematou o dirigente.