Chumbita Nunes parece arrependido por não ter colocado um travão quando Norton de Matos falou pela primeira vez nos compromissos não cumpridos no clube. O presidente assumiu as suas culpas, mas disparou em várias direcções. Sindicato, jogadores e treinador não foram poupados.
«Assumi a minha responsabilidade por não ter conseguido segurar a espiral de instabilidade», referiu o presidente do clube aos jornalistas. «Depois o senhor presidente do Sindicato [dos Jogadores], com alguma irresponsabilidade, acusou-me de faltar à verdade sem nunca ter vindo falar comigo. Nunca me perguntou nada. Ele tem o meu número, já falou comigo noutras ocasiões, devia ter vindo falar comigo e não o fez. Ele é o presidente do Sindicato e devia ter responsabilidade. Entrou neste processo sem falar comigo», atirou.
Depois foram os jogadores. «Sempre souberam o que se passou. Temos dito aos jogadores tudo, de onde vinha o dinheiro, quando vinha, o que faltava. E aconteceram coisas que não deviam ter acontecido. O presidente falava e, depois virava as costas, e o discurso era outro, parece-me.... No ano passado chegámos a ter quatro meses de salários e não foi só o V. Setúbal», revelou.
Sindicato, greve ao Dragão, e Norton de Matos
Neste capítulo, Chumbita não escondeu a sua perplexidade. «Assisti a coisas inéditas. Não me lembro de ver em mais lado nenhum os jogadores a pedirem a demissão do presidente. Aconteceu no V. Setúbal. Deve ser por ser um clube sui generis», referiu, salientando o bom trabalho que os futebolistas têm feito desportivamente: «Sempre se portaram bem. Mesmo no jogo com o Vitória de Guimarães, que achava que o empate era o mais justo. Estamos bem classificados.»
O presidente do Vitória, quando questionado sobre a questão dos pré-avisos de rescisões, levantou algo polémico. «Tudo podia ser alterado se fosse para a frente a ideia do Sindicato de fazer greve para o jogo com o F.C. Porto. Não sei se isto é verdade ou não, mas não há fumo sem fogo.»
Por fim, Chumbita Nunes falou daquilo que terá despoletado toda a divulgação da crise sadina. «Quando o treinador falou havia oito dias em atraso. Isto é uma situação insustentável?», perguntou. «Ele já passou por situações muito mais graves. Achámos que fez asneira na tentativa de segurar o grupo, porque devia ter falado connosco primeiro. Mesmo assim continuámos a acreditar no treinador, porque pensamos que tem o perfil que queremos, e depois ele pediu desculpas públicas sem qualquer tipo de pressão», garantiu.